União Europeia quer limitar os bónus na banca ao valor de um salário

Os líderes europeus querem limitar os bónus no sector financeiro a um valor máximo de um salário normal. O Reino Unido opõe-se e diz que a reforma vai aumentar os salários na banca.

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Os britânicos perderam o forte apoio alemão e estão sozinhos na oposição às novas regras Darren Staples/Reuters

A União Europeia prepara-se para decretar limites mais exigentes para o pagamento de salários que ultrapassem o valor de um salário no sector financeiro, avança nesta segunda-feira o Financial Times.

A confirmarem-se as novas regras, a banca fica impedida de pagar bónus que ultrapassem o valor de um salário. Só existe a possibilidade de os bónus atingirem o dobro do valor de um salário normal caso haja acordo com dois terços dos accionistas. Estas regras devem impor-se a todos os bancos dentro da União Europeia e às suas filiais fora do espaço comunitário.

Esta reforma conta com o apoio da França e da Alemanha e pode avançar na terça-feira para o Parlamento Europeu. De acordo com o jornal britânico, apenas o Reino Unido se opõe às novas regras, que serão integradas no conjunto da reforma bancária europeia.

Mas a Irlanda, actualmente na presidência do espaço europeu, espera chegar a um acordo com os líderes britânicos para que a medida avance o mais rápido possível para Bruxelas.

O Financial Times cita um “documento informal” do Executivo britânico que defende a imposição de limites ao sistema de bónus bancários, mas que afasta o modelo de proporcionalidade com o salário que é exigido pelos restantes parceiros europeus.

A posição inglesa vai, aliás, ao encontro das regras do sistema financeiro no Reino Unido. A lei exige que os accionistas aprovem limites para o pagamento de bónus e impede o pré-pagamento de extras superiores ao valor de um salário.

O Reino Unido argumenta que as regras propostas pelos parceiros europeus vão afectar a estabilidade do sistema financeiro e estimular um aumento nos salários.

“Sempre fomos a favor de um regime rigoroso, mas temos de nos certificar de que a reforma não cria incentivos indesejados que levam ao oposto daquilo que é desejado”, lê-se no documento a que o Financial Times teve acesso.

Durante o Verão, a Alemanha encontrava-se lado-a-lado com o Reino Unido na oposição às novas regras. Mas na semana passada a maior economia europeia declarou apoio às novas regras dos bónus bancários. De acordo com o Financial Times, a Alemanha quer evitar um debate prolongado com o Parlamento Europeu sobre o tema para não impedir o avanço das restantes reformas europeias.

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