A Telecom Itália está a finalizar uma proposta para comprar ao grupo francês Vivendi o negócio de Internet em banda larga que controla no Brasil e que está agrupado na GVT. O curioso é que, com este passo, os italianos preparam-se para enfrentar no terreno o seu principal accionista, a espanhola Telefónica, que está também interessada na empresa.

Foi a Telefónica que iniciou as hostilidades com uma proposta firme de 6700 milhões de euros pela GVT formalizada no início do mês. A companhia liderada por César Alierta propõe-se pagar uma parte em dinheiro e o restante em acções da operação no Brasil, onde domina a operadora Vivo.

Na passada sexta-feira, a companhia italiana, onde a espanhola detém cerca de um quarto do capital, veio anunciar, todavia, que também está na corrida pela GVT no concorrencial mercado brasileiro, onde a Internet é o negócio do futuro. E este domingo, a agência Bloomberg, citando fontes ligadas ao processo, revelava que a Telecom Italia propõe pagar 7000 milhões de euros pela unidade da Vivendi.

Os contornos da operação serão, neste caso, diferentes: a operadora italiana propõe-se compensar a Vivendi com 20% do seu capital e com uma participação na empresa que juntará os negócios da Telecom Italia e da Vivendi no Brasil.

Com o negócio da Internet a surgir como o principal foco de crescimento na área das telecomunicações no país sul-americano, o apetite pela GVT surge como natural, pois trata-se de um dos principais players do mercado. Quando a proposta da Telefónica foi apresentada, a Vivendi respondeu que nenhum dos seus activos está, de momento, á venda, mas concedeu que o assunto seria analisado na próxima reunião do conselho de administração, prevista para o próximo dia 28.

Para a companhia espanhola, o negócio com a Vivendi poderia ajudar a resolver os contenciosos que enfrenta dada a sua participação na Telecom Italia. No fututo, Alierta poderia vender uma parte ou a totalidade deste capital à Vivendi.

Do lado da Telecom Italia, os analistas temem os impactos que a compra poderia ter ao nível do endividamento da companhia, que ascende actualmente a mais de 27 mil milhões de euros, o que levou a Standar & Poor’s a colocar o rating a um nível de lixo.