Taxas Euribor recuam em Junho e voltam a reduzir prestação da casa

Tendência de queda deverá manter-se nos próximos meses.

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Taxas devem demorar a subir Pedro Cunha

As taxas Euribor, a que estão associados os empréstimos à habitação e às empresas, desceram de forma significativa em Junho. Os contratos a rever em Julho vão sentir uma redução ligeira nas prestações, que deverá ser um pouco maior nos próximos meses.

A queda das taxas, superior a 0,08 pontos percentuais no caso da Euribor a três e seis meses, é explicada pela corte da taxa de referência do Banco Central Europeu (BCE), de 0,25% para 0,15%, novo mínimo histórico, e da taxa negativa para os depósitos, que juntamente com outras medidas visam aumentar a concessão de crédito à economia e travar a queda da inflação.

A correcção gerada pelo pacote de mediadas aprovadas no início do mês de Junho pelo BCE já foi significativa, mas ainda assim poderá verificar-se alguma redução nas próximos meses, até porque algumas medidas anunciadas pelo BCE ainda não chegaram ao terreno, como as operações de financiamento de longo prazo aos bancos, que se iniciarão em Setembro.

A par da redução da prestação, na sequência da queda das taxas, a boa notícia para as famílias decorre da “manutenção das taxas nos actuais níveis baixos por algum tempo”, como referiu Teresa Gil Pinheiro, economista do BPI.

Mais do que antecipar novos mínimos históricos para as taxas Euribor, cenário já admitido por alguns economistas, Teresa Gil Pinheiro prefere dizer que as taxas do mercado interbancário “ não irão inverter a tendência [regressar às subidas] nos próximos meses”.  

O BPI estima que a Euribor a três meses se situe, em Dezembro, em 0,22%, próximo do mínimo histórico desta taxa.

A manutenção das taxas de juro em níveis baixos tem a vantagem de aumentar a componente de amortização de capital, o que vai reduzir a prestação do empréstimo no futuro, mesmos num cenário de taxas mais altas.

Apenas a uma sessão do fecho do mês, a Euribor a três meses fixou-se em 0,243%, abaixo dos 0,325% verificados em Maio. Este prazo, a que estão associados os contratos de crédito à habitação mais recentes, regressa a valores inferiores a 0,3%, o que não acontecia desde Março, na sequência de uma tendência de subida que vinha desde Novembro de 2013.

Um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 0,7%, e tendo por base o prazo a três meses, a rever em Junho, vai passar a pagar 478,82 euros, menos quatro euros face ao valor que pagava desde a última revisão, realizada em Abril.

A Euribor a seis meses, o prazo mais utilizado no conjunto dos empréstimos à habitação, fixou-se em Junho em 0,335% (sem a última sessão do mês), uma redução de 0,083 pontos percentuais face aos 0,417%. Tal como no prazo a três meses, a Euribor a seis meses recua para valores de Novembro de 2013.

A simulação do mesmo empréstimo associado à Euribor a seis meses, a rever em Julho, vai corresponder a uma prestação de 484,87 euros, o que representa uma redução de 2,50 euros face ao valor que resultou da última revisão, realizada em Janeiro (com a taxa do mês anterior).

A Euribor a 12 meses, um prazo pouco utilizado no crédito à habitação em Portugal, também registou uma queda, de 0,593% para 0,514%. Em Abril, este prazo chegou a superar os 6%.

Apesar das medidas tomadas pelo BCE, os sinais que chegam da economia continuam débeis, como prova a queda da confiança económica na zona Euro, que contrariando a expectativa dos economistas, caiu em Junho. O índice do sentimento económico, que mede a confiança económica na região, fixou-se em 102 pontos, abaixo dos 102,6 pontos de Maio.

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