Porto de Lisboa teve quebras de 46% em Abril

Sector portuário nacional continua a bater recordes sucessivos de movimentação de carga, chegando perto dos 30 milhões de toneladas no quadrimestre. Mas exportações estão a diminuir

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Porto de Lisboa parado devido à greve Nuno Ferreira Santos

A greve dos estivadores do Porto de Lisboa só (re)começou no dia 20 de Abril, mas os efeitos da instabilidade são bastante anteriores, e podem agora ser quantificadas em estatísticas oficiais, como aquelas que a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) divulga todos os meses. No relatório do acompanhamento do mercado portuário referentes ao quadrimestre terminado em Abril ressalta o comportamento negativo observado no porto de Lisboa no segmento da carga contentorizada, e que se traduz numa quebra de 46,3% no mês de Abril e de 25,3% se em conta forem tidos os primeiros quatro meses do ano, face ao respectivo período homólogo de 2015.

A greve dos estivadores foi suspensa há pouco mais de uma semana, e a ameaça de despedimento colectivo que foi anunciada pelos operadores portuários foi levantada, com a expectativa de acordo para um novo contrato colectivo de trabalho. Esse acordo terá de ser assinado até a próxima sexta-feira, e tem uma duração prevista de seis anos. Ao que o PÚBLICO conseguiu apurar, ainda não foi aprovado, nem é conhecida a data da sua realização. Por enquanto mantem-se convocada uma manifestação contra a precariedade para o dia 16 de Junho.

Apesar do comportamento negativo do Porto de Lisboa, o mesmo relatório da AMT permite verificar a boa saúde do sector portuário nacional, que continua a bater recordes sucessivos. No primeiro quadrimestre deste ano, o conjunto dos portos do continente registou a melhor marca de sempre em termos de cargas: 29,4 milhões de toneladas. Esta fasquia foi atingida contabilizando as diversas formas de acondicionamento e tipo de tráfego e encerra um crescimento de 2,3% face ao mesmo período registado em 2015.

Um dos primeiros portos a sobressair é, naturalmente, o Porto de Sines, que representa já 53% de toda a carga movimentada em todos os portos do Continente. Segue-se-lhe o porto de Leixões, que tem uma quota de 19,8% , e o Porto de Setúbal, cuja quota de movimento de cargas se aproxima a passadas largas das do porto de Lisboa. O porto de Lisboa tem uma quota de 10,9% de carga movimentada nos portos do Continente (movimentou 3,196 milhões de toneladas entre Janeiro e Abril deste ano), e o porto de Setúbal já tem uma quota de 8,6% (com 2,5 milhões de toneladas movimentadas). Nestas estatísticas estão contabilizadas as cargas gerais, os granéis sólidos (carvão minérios, produtos agrícolas e outros) e os granéis líquidos (produtos petrolíferos).

Se olharmos apenas para a estatística da carga contentorizada, sobressai o crescimento do Porto de Setúbal, que no primeiro quadrimestre de 2016 cresceu 38,3% face a 2015, conseguindo duplicar a quota que assegurava no conjunto dos portos nacionais, para 6,5%.

A carga embarcada, com origem no hinterland dos portos comerciais portugueses, onde os produtos embarcados (ligados às exportações) assumem um peso importante, baixou no primeiro quadrimestre deste ano 1,4% face ao período homólogo, fixando-se nas 12,2 milhões de toneladas. De acordo com o relatório da AMT, as maiores quebras verificaram-se em Aveiro (-39%), Lisboa (-20,3%), Setúbal (-9,9%) e Leixões (-8,3%). Apenas Sines e Viana do Castelo registaram variações positivas, de  16,7% e 12,7%, respectivamente.

Quanto aos produtos desembarcados, e à carga com destino ao hinterland dos portos, e que representam, em regra, mais de 90% dos movimentos, registou um aumento de cerca 5,1%, face ao valor registado no mesmo período de 2015. 

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