Número de empresas exportadoras aumentou 20% em dois anos

Apesar do crescimento, os negócios voltados para o exterior representam apenas 5,5% do total. Estão, no entanto, a contrariar o ciclo de encerramentos e de perda de empregos e de receitas.

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Foram criadas 3156 empresas exportadoras entre 2010 e 2012 PÚBLICO/Arquivo

As empresas portuguesas com vocação exportadora aumentaram quase 20% no período de dois anos, com destaque para as micro, em que a subida superou os 23%. No entanto, os negócios voltados para o exterior ainda representam apenas 5,5% do total de sociedades em território nacional. Isto apesar de, ao contrário das restantes, terem um saldo positivo entre criação e encerramentos e de contrariarem o ciclo que se tem verificado nos últimos anos de perda de postos de trabalho e de receitas.

Dados cedidos ao PÚBLICO pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, em 2012, existiam no país 19.532 empresas que faziam exportações. Este número compara com as 16.376 registadas dois anos antes. Em termos absolutos, o aumento foi de 3156, suportado, em grande parte, pelos negócios de pequena dimensão. Neste período, o número de microempresas exportadoras cresceu 23,4%, o que significou um acréscimo de 2147 sociedades (que explica 68% da subida global). Nas pequenas e médias empresas (PME), o incremento foi de 14,3% (mais 984 sociedades), e nas grandes foi de 7,5% (mais 25).

Esta evolução fez com que o peso das exportadoras no tecido empresarial português aumentasse entre 2010 e 2012, embora tenha chegado ao final deste ano a representar apenas 5,5% do total, quando dois anos antes era de 4,5%. No entanto, conclui-se que estes negócios contrariaram o ciclo negativo a que se assistia nessa altura e que ainda perdura, fruto da conjuntura do país e da consequente retracção da procura interna.

É que, ao contrário dos negócios dedicados ao mercado nacional, as empresas voltadas para o exterior continuam a aumentar, embora o facto de serem muito menos não permita que essa subida se reflicta nos números globais. As primeiras eram quase 343 mil em 2010 e, em apenas dois anos, tinham desaparecido dez mil. O aumento dos negócios exportadores também tem sido acompanhado de um acréscimo nos postos de trabalho e nas receitas que geram. Neste período, estas sociedades contrataram 40.500 pessoas, enquanto as que vivem do consumo interno destruíram mais de 280 mil empregos.

Mais emprego e receitas
O facto de muitas das empresas que exportaram serem de grande dimensão faz com que empreguem, em média, quatro vezes mais pessoas do que nas restantes, embora o rácio tenha caído nos últimos anos (era de 31,6 em 2010 e passou para 28,6 em 2012). Nos negócios que vivem do mercado doméstico, a média começou em sete funcionários ao serviço e desceu depois para 6,4.

Já no que diz respeito às receitas, o comportamento foi totalmente diferente. As sociedades voltadas para o exterior aumentaram o valor médio da facturação de 5,2 para 5,3 milhões de euros, o que representa sete vezes mais vendas do que as que são geradas pelas empresas que não exportam. Estas últimas viram o volume de negócios médio decrescer de 729 para 718 mil euros, entre 2008 e 2012. Em termos globais, as vendas das sociedades exportadoras cresceram 21% para 104 mil milhões de euros, enquanto as restantes viram as receitas cair 17,6% para 206,6 mil milhões.

Sem surpresas, a maior percentagem de empresas exportadoras é de grande dimensão (36,7%), embora as pequenas e as médias em conjunto já representem 19% do total e as micro apenas 3,6%. Em 2010, as primeiras ficavam-se por 32,2%, as PME por 14,4% e os negócios mais pequenos não passavam a fasquia dos 2,9%. Os dados cedidos pelo INE mostram ainda que é no Norte que não só existem mais casos de sociedades voltadas para o exterior, como uma maior incidência face ao total. A região tinha, em 2012, perto de 8500 empresas nestas circunstâncias, o que representava 7,2% do número global de negócios. Dois anos antes, a fasquia ficava-se por 5,9%.

Em termos sectoriais, é nos transportes e armazenagem que as sociedades apostam mais no exterior: 5595 de um total de 37.650 faziam-no em 2012, o que corresponde a 14,9% (acima dos 12,6% registados dois anos antes). Seguem-se as indústrias extractivas, com uma percentagem de 13,1% e, por fim, o comércio por grosso e a retalho (10,8%). Houve, porém, alguns negócios que viram a sua vocação exportadora arrefecer, como aconteceu com o alojamento e a restauração (cujas vendas para o exterior são medidas em função dos gastos dos turistas em Portugal), em que passou a representar 0,5% do total, quando em 2010 chegava a 0,8%.

Um estudo sobre a globalização divulgado sexta-feira pelo INE mostra que o grau de abertura da economia portuguesa ao mundo chegou aos 80,5% em 2013, o que significa que Portugal ocupou a 21ª posição da União Europeia. 

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