Grandes clientes obrigam bancos a uma provisão adicional de mil milhões

As perdas potenciais adicionais que o sector contabilizou corresponderam a cerca de 27% do total apurado pelos oito bancos inspeccionados pelo Banco de Portugal.

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Carlos Costa esteve a inspeccionar 12 grupos económicos, que constituem os maiores clientes bancários JMG NFACTOS

Das perdas potenciais adicionais relacionadas com os 12 grandes clientes da banca, 700 milhões correspondem à provisão especial (para fazer face à exposição, directa e indirecta, às empresas não financeira do Grupo Espírito Santo) constituída pela Espírito Santo Financial Group (ESFG), na sequência da avaliação do BdP à holding que domina o BES. A exigência do BdP vai ter como consequência um agravamento dos prejuízos da ESFG (a entidade que se submete aos testes de stress), referentes ao último exercício, o que tem impacto nos rácios de solidez, que terá de aumentar o seu capital (a holding só divulgará as contas no final de Maio).

Nesta sexta-feira, o BdP veio dar conta dos resultados das suas inspecções “aos planos de negócio de clientes relevantes do sistema bancário”, o que decorreu no quadro do segundo exercício transversal de revisão das imparidades das carteiras de crédito (ETRICC2). Um trabalho que visou "confirmar a prudência dos valores estimados para os níveis de imparidades constituídos”. Ou seja: o BdP foi apurar se os grandes clientes dos bancos que supervisiona estavam em condições de saldar as suas dívidas (se geram fluxos de caixa suficientes para assegurarem o serviço de dívida), se as garantias entregues permitiam, na hipótese de execução, pagar os créditos e se os activos estavam bem avaliados. Os bancos tiveram de contabilizar em 2013 (no conjunto dos seus clientes empresas e particulares) imparidades e provisões de 3.829 milhões.  

Carlos Costa informou ainda que “com referência a 30 de Setembro de 2013, foi estimada a necessidade de reforço de imparidade e de provisões num valor global de mil milhões de euros”, um valor já “reflectido nas contas das instituições” financeiras e que se “destina a assegurar uma adequada cobertura de riscos relativamente aos grupos económicos abrangidos”. O BdP salientou que a sua inspecção confirmou “a solidez do sistema”. 

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