Comissão de Trabalhadores da CGD contesta redução de pessoal

Representantes dos funcionários do banco público argumentam que redução das agências e do número de trabalhadores é contraditória com intenção de reforço da CGD.

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Mario Centeno anunciou esta quarta-feira um plano de pré-reformas na CGD

A Comissão de Trabalhadores (CT) da Caixa Geral de Depósitos (CGD) está contra o corte de pessoal e da rede de agências anunciado pelo ministro das Finanças, acusando ainda o Governo de "falta de transparência" na condução do processo.

"A CT da CGD considera que, se a intenção de diminuir fortemente o número de trabalhadores e de agências for cumprida, (...) essa decisão do Governo é prejudicial e contraditória com a tese do reforço da CGD e do seu papel fundamental para o País e para a economia nacional", lê-se numa nota de imprensa.

A estrutura que representa os trabalhadores do banco estatal sublinha que "diminuir as capacidades de operacionalidade da CGD em Portugal e na área internacional, ambas relevantes, vem permitir um enfraquecimento da sua influência e até do seu progressivo desaparecimento, deixando campo de manobra para avanços nestas mesmas áreas por parte de empresas financeiras concorrentes do sector privado, prejudicando não apenas a CGD mas o interesse público".

Paralelamente, a CT diz que "é necessária a operação de recapitalização proposta pela tutela e pelo Governo, a fim de serem criadas condições que permitam prosseguir a sua função bancária e para que a sua missão assumida de serviço público seja cumprida". Porém, esta entidade "entende que uma CGD financiada mas fragilizada na sua actuação no sector corresponde a uma descredibilização do projecto anunciado pelo Governo, que se quer crer ser de recuperação financeira, de reversão da situação social e económica do nosso País rumo ao crescimento e desenvolvimento sustentáveis e sem austeridade".

E acrescenta: "A CT da CGD lamenta ter de salientar que, a tudo isto, acresce um manifesto alheamento e falta de transparência por parte do Governo, não existindo envolvimento e auscultação da opinião dos seus trabalhadores e das suas estruturas representativas, nomeadamente da Comissão de Trabalhadores". Segundo a CT, em 23 de Março de 2016 foi solicitada uma audiência ao primeiro-ministro, António Costa, "para que fosse ouvida a voz dos trabalhadores da CGD e que esta tentativa de diálogo foi reiterada por nova missiva com data de 14 de Junho de 2016 dada a ausência de resposta anterior". A entidade reforça que numa matéria tão sensível para os trabalhadores "esta postura é preocupante tanto para os que trabalham na instituição como para todos os que entendem qual a sua missão". 

Na quarta-feira, o ministro das Finanças, Mário Centeno, convocou uma conferência de imprensa para falar sobre o caso da CGD, mas acabou por não avançar com valores. O governante disse que o Governo está a negociar um plano de capitalização e um plano de negócios com Bruxelas que permitam que a Caixa volte a ter resultados positivos de forma sustentada ao longo dos próximos cinco anos. Para isso, está a ser desenvolvido um plano de negócios até 2020 que prevê, entre outros pontos, o redimensionamento da CGD, incluindo a redução do número de agências e de colaboradores, sem recurso a despedimentos mas com base em processos de reforma e de pré-reforma, sublinhou o governante. Paralelamente, estão também a ser desenhados os moldes do plano de capitalização cujos números Centeno ainda não divulgou.