Depois de ter recebido em Junho carta branca para comprar a totalidade do diário Libération e vários títulos do grupo editorial belga Roularta, a Altice continua a reforçar a sua posição nos media, através da criação de uma nova subsidiária.

O negócio, anunciado esta segunda-feira, passa pela criação de uma joint-venture com Alain Weill, o presidente e principal accionista do grupo NextRadioTV. “É uma parceria estratégica entre os dois grupos para investir e acelerar o desenvolvimento de projectos multimédia, em França e em mercados internacionais”, referiu a Altice, em comunicado.

A empresa presidida por Patrick Drahi explica que irá ser parceira de Alain Weill numa nova sociedade em que o empresário francês deterá 51% dos direitos de voto e económicos e assumirá a presidência executiva. A operação implica que a participação de Weill no grupo NextRadioTV - que tem activos como a rádio generalista monegasca RCM e os canais de televisão informativos BFM Business e BFM TV – sejam transferidos para a nova sociedade (em causa estão 37,77% dos direitos económicos e 48,59% dos direitos de voto).

Depois, esta nova companhia avançará com uma oferta de aquisição sobre 100% do capital da NextRadioTV, ao preço de 37 euros por acção, valor que, segundo a Altice, representa um prémio de 30,5% face à cotação média ponderada dos últimos seis meses.

De acordo com o jornal Les Echos, este preço valoriza o grupoNextRadioTV em cerca de 600 milhões de euros. Se tudo correr bem, com as devidas aprovações regulatórias (além do supervisor da bolsa, o negócio implica uma apreciação das autoridades do audiovisual e da concorrência francesas), a operação ficará fechada no final deste ano, adianta a Altice.

O acordo prevê ainda que, a partir de 2019, Patrick Drahi possa comprar a totalidade do capital da NextRadioTV, acrescenta a AFP.

“Com esta nova parceria, Alain Weill passará a deter 24% de uma subsidiária da Altice dedicada ao investimento em companhias de media com foco na diversificação internacional, onde as oportunidades de crescimento são consideráveis”, acrescenta o comunicado da dona da PT Portugal.

“Os media e os conteúdos são uma grande oportunidade para a Altice em França e em todos os países em que estamos presentes”, assegurou o presidente executivo da Altice, Dexter Goei, no mesmo comunicado. A convergência entre os activos de telecomunicações e a distribuição de televisão, bem como o desenvolvimento e produção de conteúdos “são estratégicos para a estratégia de longo prazo” da Altice, acrescentou Goei.

O acordo anunciado esta segunda-feira prevê ainda que Alain Weill passe a integrar o comité executivo da Altice, como o administrador com o pelouro dos media. Por outras palavras, Alain Weill passará a ser o homem forte da Altice para os media, uma área onde a empresa já admitiu poder vir a investir em Portugal. Weill confirmou à Reuters que se demitiu do cargo de administrador da Iliad, dona da Free Mobile, que concorre com a NuméricableSFR da Altice.

Segundo o Les Echos, os restantes activos da Altice nos media – o Libération e os títulos da Roularta, como o semanário L’Express e várias revistas especializadas – permanecerão concentrados na Altice Media Group, controlada directamente por Drahi. É a partir deste grupo (que também detém a cadeia de televisão israelita i24news) que o empresário está a negociar a compra do grupo Intescia, com publicações profissionais na área da cosmética, publicidade e marketing.