Megaoperação da PJ: 35 detidos e dezenas de imigrantes resgatados de explorações agrícolas no Alentejo

Em causa estão situações de semiescravidão de trabalhadores agrícolas imigrantes no Alentejo e na região centro, numa rede organizada a partir do distrito de Beja.

abre-conteudo,imigracao,sociedade,alentejo,policia-judiciaria,justica,
Fotogaleria
A Polícia Judiciária montou um centro de operações no parque urbano de Beja onde estão detidos e imigrantes alvo de exploração na agricultura Carlos Dias
abre-conteudo,imigracao,sociedade,alentejo,policia-judiciaria,justica,
Fotogaleria
Carlos Dias
abre-conteudo,imigracao,sociedade,alentejo,policia-judiciaria,justica,
Fotogaleria
Carlos Dias
abre-conteudo,imigracao,sociedade,alentejo,policia-judiciaria,justica,
Fotogaleria
Carlos Dias

A Polícia Judiciária (PJ) deteve nesta quarta-feira 35 pessoas suspeitas de pertencerem a uma rede criminosa que contratava trabalhadores estrangeiros para agricultura no Baixo Alentejo, confirmou a PJ em comunicado. Esta alegada rede era formada por estrangeiros e portugueses com idades compreendidas entre os 22 e os 58 anos.

“Os suspeitos integram uma estrutura criminosa dedicada à exploração do trabalho de cidadãos imigrantes, na sua maioria, aliciados nos seus países de origem, tais como Roménia, Moldávia [Moldova], Índia, Senegal, Paquistão, Marrocos, Argélia, entre outros, para virem trabalhar em explorações agrícolas”, refere o comunicado.

As explorações agrícolas onde estas pessoas eram alvo de exploração situam-se em Beja, Cuba e Ferreira do Alentejo, avançou à Lusa uma fonte ligada à investigação.

A PJ realizou 65 buscas domiciliárias e não domiciliárias que culminaram na detenção de 35 pessoas, maioritariamente homens. “Os suspeitos, com idades compreendidas entre os 22 e os 58 anos de idade, de nacionalidade estrangeira e portuguesa, encontram-se fortemente indiciados pela prática de crimes de associação criminosa, de tráfico de pessoas, de branqueamento de capitais, de falsificação de documentos, entre outros”, avança o comunicado.

Na sequência desta acção policial — acompanhada pelo juiz Carlos Alexandre —, foram apreendidos vários elementos probatórios e identificadas dezenas de vítimas. Esta operação contou com a colaboração de várias entidades estatais e não estatais, quer em apoio logístico quer no encaminhamento das vítimas.

No parque urbano da cidade de Beja foram, entretanto, instalados contentores para alojar os imigrantes vítimas desta alegada rede criminosa. Ao mesmo tempo, montaram-se tendas da Polícia Judiciária, estando no local dezenas de inspectores da PJ. Ainda não foi possível obter informações oficiais das forças de segurança no terreno.

Neste centro de operações, estão também funcionários da Segurança Social, que foram envolvidos nas buscas e aparente resgate de cidadãos estrangeiros, aos quais estão a prestar apoio. Abordado pelo PÚBLICO, o responsável da Segurança Social do distrito de Beja não quis prestar quaisquer declarações.

A notícia destas detenções foi avançada inicialmente pela CNN Portugal. Segundo este canal televisivo, esta é a maior operação da Polícia Judiciária nos últimos anos: envolve 400 inspectores.

A investigação da PJ iniciou-se há cerca de um ano e teve como foco a angariação por esta rede criminosa de trabalhadores estrangeiros com a promessa de emprego e habitação.

Ainda de acordo com a notícia avançada pela CNN, em causa estão situações de semiescravidão de trabalhadores agrícolas imigrantes no Alentejo e na região centro. Com Mariana Oliveira

Sugerir correcção
Ler 58 comentários