Tomás Correia reeleito no Montepio

Valores oficiosos dão a vitória ao actual presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, que conseguiu 59% dos votos válidos.

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Tomás Correia deixou a liderança do banco mas recandidata-se à associação mutualista Enric Vives-Rubio

Tomás Coreia foi reeleito presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, (a “dona” do banco Montepio) para o próximo triénio de 2016 a 2018. Os resultados das eleições para os órgãos sociais mostram que, dos 57.800 votos para o conselho de administração, foram contabilizados 52.425 Destes, 30.891, ou seja, 58,7%, votaram na lista A (“Montepio para todos”), liderada por Tomás Correia. 

A lista D, que tem à frente o gestor António Godinho (“Renovar o Montepio”), teve mais de 11.298 (21,5%) e a C (“Segurança, transparência, confiança na gestão do Montepio: Defender o mutualismo”) de Eugénio Rosa conseguiu reunir 8599 votos (16,3%). A lista E, encabeçada pelo presidente da União das Mutualidades Portuguesas, Luís Alberto Silva, 1835 votos (4%).

Para o conselho geral, foram considerados válidos 51.606 votos. A lista A obteve 29.246, ou seja, 57% dos votos. A lista B de Manuel Ferreira, que se candidata apenas ao conselho geral, conquistou 3275 eleitores (6% do total) e a C, obteve 7713 (15%). A D conseguiu 9849 votos, ou seja, 19% do total. Finalmente, a lista E teve 1523 votos (3%).

Tomás Correia perde um lugar no conselho geral, enquanto a lista E mantém os dois elementos. A lista D nomeia Amadeu Paiva, administrador da Unicre e António Pinto, ex-director comercial do Montepio.

Nas eleições que terminaram esta quarta-feira, 2 de Dezembro, participaram à volta de 57.800 associados, o que representa somente cerca de 13% de um universo de 440 mil associados em condições de indicar os próximos dirigentes da AMMG. Deste bolo 98% votou por correio e apenas 1410 associados votaram em urna. Recorde-se que, para efeitos de votação directa, apenas foi aberta uma urna na sede da instituição na Rua do Ouro em Lisboa.

A afluência  foi inferior à registada na última eleição de Dezembro de 2012, em que votaram 84.675 associados (mas só foram aceites 74.857 votos), de um universo de apenas 360 mil mutualistas. Há três anos, a lista de Tomás Correia foi apoiada por 55.965 mutualistas, ou seja 74,8% do total (mais 15% dos apoios que recebeu agora), enquanto a lista rival, liderada por Luís Alberto Silva (que em 2015 concorreu à frente da lista E), mobilizou 18.892 eleitores (25,2%).

Estas eleições foram as mais concorridas dos últimos anos. Competiram cinco listas candidatas, das quais quatro (Tomás Correia, António Godinho, Eugénio Rosa, Luís Alberto Silva) a disputarem a presidência do Montepio. Já Manuel Ferreira, da lista B, candidatou-se apenas ao Conselho Geral, com o lema  “Por um Montepio Mais Forte e Democrático, com uma Caixa Económica mais ética”. 

 A campanha eleitoral foi pautada pela polémica e acusações de ilicitudes várias à lista A, presidida por Tomás Correia e integrada pelo padre Vítor Melícias e por Álvaro Pinto Correia, e que justificaram mesmo a apresentação de queixas-crime por parte da Lista D, de Godinho, apoiado pelo socialista João Proença e pelo centrista Bagão Félix.

Em causa estão suspeitas de que a lista A, e actuais titulares dos órgãos sociais, usaram os meios da Caixa Montepio Geral, o banco da associação, para fazer campanha a seu favor. As controvérsias estenderam-se ao dia da contagem dos votos, esta quarta-feira, com as listas D e E a chamarem a PSP para averiguar indícios de irregularidades na votação por correio cívico envolvendo 283 boletins. As autoridades entraram no edifício sede do grupo mutualista e pediram para falar com o presidente da assembleia geral, que não os recebeu. Acabaram por deixar o local já de noite mas com o auto elaborado e devidamente assinado. Os 283 votos foram colocados numa caixa à parte e não foram abertos.

A contagem dos votos foi interrompida de madrugada, por volta das 3h e retomada durante a manhã desta quinta-feira. Mas seria de novo suspensa, depois de se terem detectado problemas de calibragem nas máquinas que fazem a contagem dos votos. A leitura dos boletins prosseguiu mais tarde.

A comissão eleitoral reuniu para avaliar um pedido da lista D, que quer que a recontagem dos votos seja feita manualmente. Um dirigente da lista D admitiu, no entanto, que, "tendo em conta que a comissão eleitoral é composta sobretudo por membros afectos à lista A", será difícil a aceitação deste pedido.  

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