Alunos vencedores do concurso

“Vamos fazer um plano” com Vila Verde, Vizela, Armamar, Castro Daire e Biscoitos

Segunda edição do concurso que resulta da parceria entre o PÚBLICO na Escola e o Plano Nacional das Artes recebeu 38 trabalhos de 27 Agrupamentos de Escolas.

educacao-media,publico-escola,
Foto

Estão escolhidos os vencedores da segunda edição do concurso “Vamos Fazer um Plano”. Desta vez, serão os trabalhos de alunos de Vila Verde, das Caldas de Vizela, de Armamar e de Biscoitos (Praia da Vitória, na ilha Terceira) a ocupar, pela primeira vez, com trabalhos sobre cultura, as páginas do PÚBLICO. Mas há também um nome repetente: Castro Daire. São grupos de alunos do 7.º, 9.º e 11.º ano e falam sobre tradições ancestrais, bem como sobre projetos e assuntos contemporâneos.

Procuraram histórias relacionadas com a cultura no território que habitam, conversaram com os protagonistas, questionaram, fotografaram e escreveram; depois, organizaram tudo num plano — um trabalho pensado para ocupar duas páginas de um jornal, lado a lado. Este ano a decisão “não foi fácil”, conta Lucinda Canelas, jornalista de cultura do PÚBLICO e jurada. “Mais uma vez temos projetos muito diversificados e houve alguma dificuldade em selecionar os cinco finalistas.”

Os grandes vencedores deste concurso que une o PÚBLICO na Escola e o Plano Nacional das Artes (PNA) passarão agora por um processo de mentoria com jornalistas do PÚBLICO. Durante essa fase, farão uma visita à redação do PÚBLICO em Lisboa, onde poderão conhecer os bastidores do jornal. O resultado final será publicado em conjunto numa edição impressa do jornal.

Tal como no ano passado, puderam participar alunos, ou grupos de alunos, de todos os estabelecimentos de ensino do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário do continente, regiões autónomas e de escolas portuguesas no estrangeiro.

Dos saberes ancestrais aos projetos recentes

Para o júri, “foi um privilégio conhecer, através das propostas apresentadas a concurso, os olhares individuais ou coletivos dos mais jovens sobre as suas escolas, comunidades e territórios.” Quem o diz é Paulo Lima, coordenador intermunicipal do Plano Nacional das Artes, que integrou o grupo que escolheu as propostas vencedoras.

Fizeram parte do júri: Bárbara Simões, coordenadora do PÚBLICO na Escola, e Lucinda Canelas, jornalista da secção de Cultura do PÚBLICO; Ilda Ambrósio, Paulo Lima e Susana Cabeleira, coordenadores intermunicipais do Plano Nacional das Artes.

Este ano foram avaliados 38 trabalhos de 27 Agrupamentos de Escolas. A primeira edição do concurso “Vamos Fazer um Plano” contou com 71 trabalhos submetidos a partir de 43 escolas ou agrupamentos. Lucinda Canelas acredita que o decréscimo de propostas e o envio de algumas incompletas revela “o momento dramático que se vive nas escolas públicas portuguesas”, com reflexo na atividade escolar. O coordenador intermunicipal do PNA destaca as candidaturas que têm chegado não apenas do “espaço geográfico de Portugal continental”, mas do “espaço da língua portuguesa”.

Para já, os detalhes sobre o conteúdo das cinco propostas selecionadas fica guardado para o processo de mentoria, mas Paulo Lima dá algumas pistas que saciam a curiosidade de quem poderá vir a lê-los no PÚBLICO: são planos que nos “guiam através das imagens e das palavras dos alunos” e que tanto permitem “conhecer e valorizar o património cultural de proximidade como nos desafiam a refletir sobre o poder e o papel transformador da arte”.

Lucinda Canelas revela que as propostas vão à procura de saberes ancestrais, do artesanato à dança, dão a conhecer projetos contemporâneos e trazem para o primeiro plano assuntos que estão na agenda dos mais jovens. Todas elas promovem, de alguma forma, “um encontro geracional através das artes” que a jornalista nota ser muito presente em todo o trabalho do PNA.

Um trabalho que “pode ter consequência”

Entre os escolhidos deste ano está um Agrupamento de Escolas repetente. No ano passado, um grupo do 9.ºC do Agrupamento de Escolas de Castro Daire venceu com um plano sobre a Estação Arqueológica Pedra dos Pratos — ao lado de trabalhos de Arganil, Covilhã, Colos e Moçambique — e que provou que a dinamização em torno destes planos “pode ter consequência”.

Quando visitaram a estação arqueológica, o espaço “estava abandonado, invadido pelas ervas”, recorda Lucinda Canelas. O grupo começou a entrevistar a comunidade local, foi à procura das memórias que os locais tinham de outros tempos e “não se restringiu ao sítio arqueológico em si”. A partir desta movimentação, o espaço foi reabilitado e tornou a ter condições para ser visitado. “Foi um trabalho que começou no ‘Vamos Fazer um Plano’, mas depois se alargou à comunidade. E eles [os alunos do 9.ºC] perceberam que o trabalho que tinham feito para este simples projeto em que quiseram participar tinha tido de facto um impacto significativo e pragmático”, diz a jornalista.

De uma forma geral, o coordenador intermunicipal do PNA, Paulo Lima, nota que faz sentido destacar que todos os trabalhos que têm passado pelo concurso revelam “cada vez mais a consciência ativista cultural dos nossos jovens”.