Jornais Escolares

Ponte de Lima, capital do jornalismo escolar

Alunos e professores de escolas de todos os distritos do continente e da Ilha Terceira juntaram-se esta semana, durante três dias, na vila minhota. Uma experiência intensiva e marcante.

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José Sérgio
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Nelson Garrido
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Assim que se abrem as portas da cantina do Centro Educativo das Lagoas, em Ponte de Lima, um grupo avança. “Somos da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima, vimos de perto”, diz a professora. Tatiana Vilar e Leonor Araújo, alunas que a acompanham, estudam Agricultura e Gestão Equina e é a primeira vez que participam num evento relacionado com jornalismo escolar. Desta vez não vieram às Lagoas de Bertiandos numa visita de estudo, estão aqui para o 3.º Encontro Nacional de Jovens Jornalistas (ENJJ). “É o meu último ano na escola e acho que vamos aprender muito amanhã nos workshops”, partilha Tatiana. Depois delas, chegam mais autocarros que trazem grupos de todo o país. São cerca de 100 alunos e 40 professores de 36 escolas para um programa com início no dia 9 e que hoje termina.

É o terceiro ano consecutivo em que o jornalismo escolar está em festa. A ideia partiu de alunos então responsáveis pelo jornal escolar Eça News, e o sonho tornou-se realidade com o apoio da Direcção-Geral da Educação (DGE) e do PÚBLICO na Escola. Começou em Lisboa, passou por Mafra e este ano está em Ponte de Lima. E a cada edição, mais um dia de evento. Este ano são três, para que quem vem de mais longe possa estar presente em pleno. Desta vez há camaratas no centro educativo e na Quinta de Pentieiros — no espaço contíguo à área protegida das Lagoas de Bertiandos, onde se ouvem rãs e se vai conseguindo avistar garças-real.

Logo desde o primeiro minuto, vêem-se coletes cor-de-laranja que circulam de um lado para o outro. “Precisam de ajuda?”, “Vou levar-vos ao albergue”, “A hora do jantar é às 19h30”, dizem. Pertencem ao Comunica, jornal escolar do Agrupamento de Escolas do Freixo, em Ponte de Lima. E também são os verdadeiros anfitriões. A escola onde estudam foi a escolhida este ano porque estiveram na lista de vencedores do Concurso Nacional de Jornais Escolares 2022-23, com o 2.º lugar na categoria Melhor Jornal de Agrupamento.

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O programa foi pensado e produzido pelo agrupamento, a Direcção-Geral da Educação e o PÚBLICO na Escola, em articulação com a Câmara Municipal de Ponte de Lima. Para tornar possível um evento desta dimensão, a DGE lidera, desde o primeiro encontro, uma complexa logística. Neste modelo de itinerância do ENJJ, também as autarquias representam uma parceria fundamental. Para Paulo Sousa, vereador com o pelouro da Educação, aceitar este desafio foi uma forma de valorizar um jornal escolar que já foi premiado duas vezes e, ao mesmo tempo, de investir na educação e na promoção desta “vila tão marcante”. A expectativa é que quem aqui veio pela primeira vez deseje voltar.

Antes de um dia inteiramente dedicado ao jornalismo, uma caminhada nocturna pelas Lagoas. Divididos por grupos, de lanternas acesas, vão aprendendo a reconhecer a fauna e flora local. “Nós acordámos às quatro da manhã”, conta uma das jornalistas do Se Bem nos Lembramos, jornal da Escola Secundária Vitorino Nemésio (Praia da Vitória, Ilha Terceira). Mas não falta muito para chegar o merecido descanso. A energia é fundamental para o dia seguinte, mas a primeira oportunidade de convívio também fazia falta. E no espaço de poucas horas, começaram a surgir as primeiras amizades. No grupo de Tatiana Vilar e Leonor Araújo já tinham mais um elemento: “O meu nome é Leonor Videira, sou de Murça. Vim sozinha, então elas adoptaram-me.”

José Sérgio
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Segundo dia, o galo canta às sete da manhã. Para alguns, mais cedo ainda. O plano de trabalhos é intenso, mas todos estão entusiasmados. Sabem que é uma oportunidade como poucas: vão ter workshops com vários jornalistas do PÚBLICO, com quem poderão aprender como fazer mais jornalismo nos jornais escolares. Depois de uma manhã de partilha de experiências de todos os vencedores do Concurso Nacional de Jornais Escolares 2022-23, chega a hora da prática. Nos workshops de Escrita de Notícias, Multimédia, Podcast, Telejornal e Jornalismo Local, este último promovido pela Alto Minho TV, os alunos começam por ouvir quem tem mais experiência. No workshop Redacção TRUE, um grupo aprende rapidamente a interagir com a plataforma de criação de jornais escolares do PÚBLICO na Escola. Surgem ideias de conteúdos para um jornal criado exclusivamente para o encontro: uma notícia sobre o almoço do dia, outra sobre a recepção das escolas…

Nelson Garrido
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Na sala da Multimédia, o fotojornalista Nelson Garrido partilha alguns trabalhos que seleccionou para mostrar. Alguns contam histórias recentes, como o momento em que activistas pelo clima atingiram Luís Montenegro com tinta verde, mas foi um trabalho sobre imigração ilegal na Mauritânia que suscitou mais perguntas. “No caso dos políticos, eles querem ser fotografados, mas aqui a reacção das pessoas é não deixarem?”, pergunta uma aluna. Nelson Garrido explica-lhe, e ao restante grupo, que se trata de ter sensibilidade, mas “temos de explicar quem é que somos”. As pessoas têm de saber que estão a ser fotografadas. Durante três horas, todos os workshops iam sendo invadidos por alunos a entrevistarem-se uns aos outros.

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Na biblioteca, um workshop para professores transformou-se num verdadeiro encontro entre pares. Todos queriam aprender uns com os outros. Queriam saber como se faz, como se consegue, como é possível para uns, para que seja para outros. “Ter o apoio da direcção faz toda a diferença”, desabafa uma professora. Jorge Dias, Director do AE de Freixo, tem propriedade para falar sobre esse papel e defende que “a sala de aula, por si só, não pode ser o único espaço onde se trabalha o desenvolvimento de aprendizagens”. “Enquanto escola temos de permitir que os alunos se possam expressar em ambientes não-formais e perceber que terá impacto no contexto formal.” E nisso, o Comunica tem sido um exemplo.