Ensino secundário

Concurso de Vídeo Escolar 8 e Meio. O teu filme pode fazer parte desta longa história

Estão abertas as inscrições para a décima sexta edição do concurso promovido pelo clube de cinema da Escola Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim.

educacao-media,publico-escola,
Fotogaleria
"A caixa de Pandora", de Mara Lisboa, um dos vencedores (2.º prémio) da última edição do Concurso de Vídeo Escolar 8 e Meio
educacao-media,publico-escola,
Fotogaleria
Em 2021, o 1.º prémio foi para "REM Sleep", de Helena Brito
educacao-media,publico-escola,
Fotogaleria
"Overthinking vs Reality", de Lurdes Marques, 3.º prémio
educacao-media,publico-escola,
Fotogaleria
"Eternidade", de Miguel Ramos, prémio Escola Secundária Eça de Queirós ("ex aequo")
Escola Secundária Eça de Queirós
Fotogaleria
"Time", de Gabriela Miranda, prémio Escola Secundária Eça de Queirós ("ex aequo")

O convite é dirigido a todos os alunos de escolas secundárias de Portugal continental e ilhas: podem inscrever-se, até ao dia 15 de setembro, com filmes nunca antes apresentados, com duração máxima de oito minutos e meio (incluindo genérico e os créditos finais), de tema livre. O concurso vai premiar os três filmes externos que mais se distingam — e ainda o melhor dos filmes realizados por alunos da Escola Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim.

Estão destinadas ao três prémios principais as quantias de 600 euros, 400 euros e 200 euros, respetivamente. Para participar, basta submeter o filme a concurso e a ficha de inscrição preenchida no site do clube de cinema 8 e Meio, promotor da iniciativa. Os melhores serão escolhidos por um júri composto por três elementos de fora da escola organizadora, com trabalho reconhecido na área do cinema. Já o júri do prémio interno deverá contar com um elemento do clube 8 e Meio, um representante da direção da Secundária Eça de Queirós (ESEQ) e um representante da associação de pais da escola.

Foto

Tanto no clube de cinema como no concurso de vídeo escolar, homenageiam-se de forma regular os mestres da sétima arte — não fosse o próprio nome o título de um clássico realizado pelo italiano Federico Fellini. Jean-Luc Godard, Friedrich Wilhelm Murnau e Alfred Hitchcock são projeções recorrentes nos encontros dos jovens cinéfilos da ESEQ e já serviram de mote ao cartaz e spot promocional desta iniciativa que, todos os anos, recria uma cena de um filme de culto. Desta vez, o aquário de peixes através do qual se veem os rostos de dois alunos da ESEQ não deixa enganar: é Rumble Fish - Juventude Inquieta, de Francis Ford Coppola, que serve de inspiração (spot promocional no YouTube).

Foto
Estudantes cujos filmes foram premiados no 15.º Concurso de Vídeo Escolar 8 e Meio Luís Xavier

Cabe aos jovens cineclubistas escolher, com os professores responsáveis, o filme que contagia a maior iniciativa que organizam todos os anos. O seu papel é ativo também na preparação e concretização da entrega de prémios: “São eles que fazem a folha de sala, que gerem os convidados, que estão nos bastidores e que apresentam a cerimónia da entrega de prémios”, conta Luís Nogueira, professor e um dos coordenadores do 8 e Meio.

Uma juventude inquieta a registar-se a si mesma

Com o passar dos anos, “os projetos dos alunos têm-se tornado cada vez mais sofisticados.” Quem o diz é também Luís Nogueira. O professor da ESEQ destaca a autonomia dos participantes que, todos os anos, se inscrevem por sua própria iniciativa. Ao longo dos últimos 15 anos, têm passado pela competição filmes de diferentes géneros cinematográficos com estilos e visões plurais. “Ficamos sempre um bocadinho abismados com a qualidade dos filmes”, reconhece.

Já em novembro de 2019, por altura da entrega de prémios da 13.ª edição, o professor explicava ao PÚBLICO na Escola que as temáticas eram “muito coladas” ao que os alunos tinham vivido, “ao contexto (eles vivem muito o presente)”. Além disso, “foram ficando mais cáusticas”, constatava. “Fazer um filme em 2009 não é fazer um filme em 2019, o que os cerca é diferente. Há muitos filmes perturbantes, a abordar questões de fronteira. Talvez estejam a ficar mais políticos, não sei.” E fazer um filme em 2022, com uma pandemia que dura há mais de dois anos e novos desafios para a juventude, como pano de fundo, não será o mesmo que fazer um filme em 2019.

Foto
"The Punisher", de César Santos, 1.º prémio em 2020

No 15.º concurso, os três primeiros prémios foram um reflexo da evolução do olhar que acompanha o tempo em que os seus autores vivem. No dia 29 de janeiro de 2022, o Cine-Teatro Garrett recebeu os vencedores da última edição para a atribuição de prémios. Em primeiro lugar ficou REM Sleep, de Helena Brito (Escola Artística Soares dos Reis, Porto); em segundo A caixa de Pandora, de Mara Lisboa (Escola Artística António Arroio, Lisboa); e em terceiro Overthinking vs Reality, de Lurdes Marques (Escola Artística e Profissional Árvore, Porto). O prémio ESEQ foi para dois filmes de animação: Eternidade, de Miguel Ramos, e TIME, de Gabriela Miranda.

Agora que o 8 e Meio conta com uma história que já vai longa, encontram-se no sangue novo do cinema português nomes de antigos participantes, conta Luís Nogueira. Afinal, há sonhos que se podem realizar ainda na escola. E esse pode ser apenas o começo de uma carreira na cinefilia — seja como realizador ou como espectador comprometido com o que se faz na sétima arte.

Foto
"LEGO CITY", de Gilberto Torres, vencedor da 1.ª edição, em 2007

Os filmes vencedores destes quinze anos de história estão disponíveis no site do 8 e Meia. Numa viagem no tempo através destes vídeos, é percetível a evolução tecnológica. Mas há algo que se mantém: o empenho de estudantes. Na carta do diretor da ESEQ, José Eduardo Lemos, publicada no mesmo site, o destaque vai para o arquivo que, sem este concurso, não existiria: “De facto, detemos já um espólio importante de manifestações artísticas, construído com a generosidade e visão dos alunos que, ano após ano, nos brindam com propostas renovadas de exploração das imagens em movimento, sempre tão ricas em possibilidades comunicativas.

“O que interessa é que, nas escolas, este gosto pelo cinema esteja permanentemente presente. Porque o cinema é uma ferramenta com muito valor”, reforça Luís Nogueira.