Após anos em que era assunto de profecias, a inteligência artificial (IA) fez-se presente. Muitos já experimentaram as façanhas do ChatGPT e de outras ferramentas de IA. O espanto com a sua "inteligência" vem sempre acompanhada por uma espécie de aviso velado: ainda não vimos nada, as capacidades das máquinas estão ainda na infância. O melhor/o pior está para vir.

Porque é, em grande parte, de linguagem que estamos a falar (que falar é este, sem intenção, sem um corpo humano?), Ivo Neto e Karla Pequenino foram entrevistar Noam Chomsky, que revolucionou a linguística. A entrevista, sumarenta, vai do que nos oferecem estas ferramentas ao impacto político da IA e dos algoritmos que nos comandam nas redes sociais, com consequências fora delas.

"Todos estão sozinhos, a perseguir as suas próprias fantasias. É o sistema ideal para controlar as pessoas. A longa luta de classes está sempre em curso. O cenário actual, com a tecnologia e a IA, é outro caso em que se tenta subordinar, marginalizar as pessoas, ao levá-las a olhar para o Instagram ou a falar com um chatbot sem pensar no que está a acontecer no mundo", diz Chomsky.

"Este é o ataque mais radical ao pensamento crítico, à inteligência crítica e particularmente à ciência que eu alguma vez vi", resume o pensador, com 94 anos. "A ideia de que podemos aprender alguma coisa com este tipo de IA é um erro."

Nesta edição, Nuno Pacheco entrevista Jorge Palma, que lança esta sexta-feira Vida, o primeiro álbum de originais em 12 anos. "No Vida faço uma antropomorfização da entidade Vida, falo com a vida como se estivesse a falar com uma pessoa, com um anjo ou com Deus. Torno-a numa entidade com quem se fala", afirma o músico.

Estiveram perto do fim (houve depressão, bloqueio criativo), mas a amizade salvou os The National. "Ganhámos First Two Pages of Frankenstein um conjunto de canções tão sombrio quanto optimista", escreve Fernando Costa. É o nono disco da banda de Nova Iorque.

Mergulhamos também na programação desta edição do IndieLisboa, a vigésima. Jorge Mourinha arrisca um percurso possível pela programação – encontrou filmes que procuram esticar as fronteiras do que é contar uma história e redefinir o que pode ser um filme de festival. Luís Miguel Oliveira olhou para a competição nacional do festival, marcada pela estreia em Portugal do díptico Mal Viver/Viver Mal. É talvez a melhor obra de João Canijo. Mas há outros motivos de interesse na produção portuguesa que o Indie exibe por estes dias.

Ainda nesta edição, Ana Cristina Pereira conversa com Susana Moreira Marques, autora do livro Lenços Pretos, Chapéus de Palha e Brincos de Ouro. É uma viagem inspirada pelo pioneiro livro de Maria Lamas As Mulheres do Meu País (1948-1950) – Lamas foi a sítios a que nenhum jornalista fora, entrevistou e fotografou mulheres que nunca tinham sido entrevistadas e fotografadas a trabalhar. Susana Moreira Marques faz outra coisa, ela explica-nos o quê.

E há mais neste Ípsilon, do Festival Dias da Dança ao teatro de Pedro Carraca. Boas leituras.