Covid-19: Madeira encerra discotecas e reduz horários de bares e restaurantes

Novo pacote de medidas de combate à pandemia é válido por 30 dias. Autoridades madeirenses pedem que sejam evitadas viagens para o continente.

Foto
“Um dos maiores riscos para potenciais contágios são as viagens realizadas por residentes", diz Miguel Albuquerque Nuno Ferreira Santos/Arquivo

A videoconferência desta quarta-feira à tarde, em que o Governo Regional da Madeira anunciou novas medidas de combate à pandemia de covid-19 no arquipélago, começou com a transmissão de vídeos e imagens da animação nocturna do passado fim-de-semana em espaços de diversão na Baixa do Funchal.

As imagens, que têm circulado nas redes sociais, mostram grupos de jovens a dançar numa discoteca e um aglomerado de pessoas a encher uma rua de bares. Sem máscara nem distanciamento físico.

“Os jovens têm direito a se divertir, mas isto são comportamentos de risco que não podemos permitir no actual contexto”, justificaria, depois, já no final da conferência, o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, enquadrando as imagens do fim-de-semana.

Por isso, não foi de estranhar que as principais medidas anunciadas incidam precisamente sobre estabelecimentos de diversão. Para começar, as discotecas serão encerradas durante os próximos 30 dias. Bares e similares passam a fechar às 24h, mais uma do que os restaurantes.

“Será reforçada a fiscalização pela PS, GNR e ARAE [o equivalente regional da ASAE]”, avisou Albuquerque, explicando que a fiscalização será feita tanto no interior (proibição de mais de cinco pessoas juntas, excepto familiares; obrigação de uso de máscara e álcool gel), como no exterior (proibição do consumo de bebidas alcoólicas na via pública).

Lotações encolhidas

As medidas, que entram em vigor esta sexta-feira, prevêem a redução da capacidade máxima de lotação de vários espaços. Igrejas e restantes locais de culto passam a ter apenas um terço da capacidade. Os transportes públicos vão circular com dois terços da lotação, e parques infantis, casino, cabeleireiros, actividades marítimo-turísticas e ginásios vão funcionar pela metade.

O pacote de restrições anunciado abrange ainda a fiscalização de ajuntamentos de alunos à porta de escolas, e a suspensão durante 30 dias de todas as competições desportivas regionais, e a proibição de equipas (ou atletas individuais) participarem em competições nacionais não profissionais.

Preocupação com viagens e estudantes

Sublinhando que não se trata de um confinamento, Albuquerque rejeitou a obrigação de teletrabalho para a Administração Pública e garantiu a manutenção de aulas presenciais, mas pediu cuidados redobrados a todos.

“Um dos maiores riscos para potenciais contágios são as viagens realizadas por residentes. Neste sentido, apelamos à consciência cívica de todos os madeirenses e porto-santenses para limitarem aos estritamente necessário as suas deslocações para fora da região nos próximos 30 dias”, disse o chefe do executivo regional, adiantando que desde o início de Julho, quando o aeroporto reabriu sem restrições, o Funchal já custeou a realização de perto de 200 mil testes PCR: 150 no aeroporto madeirense e os restantes no continente.

Com os números da pandemia a subirem no arquipélago – quase duplicaram em Outubro, passando de 228 no dia 1 para 447 casos confirmados no final do mês –, nas próximas semanas a principal preocupação das autoridades madeirenses é o regresso dos estudantes universitários que frequentam estabelecimentos no continente. O executivo vai testar todos à chegada, realizando um segundo teste entre o quinto e o sétimo dia após a aterragem na Madeira.

O último boletim epidemiológico, emitido terça-feira, do Instituto de Administração da Saúde regional dava conta de 485 casos confirmados de covid-19 (mais 14 do que no dia anterior), sendo que desses 197 permanecem activos. A pandemia provocou uma morte na Madeira. Foi no início deste mês, uma mulher de 94 anos.

Sugerir correcção