Empate ibérico em Alvalade, com público e sem golos

Cerca de 2500 espectadores estiveram nas bancadas para o 0-0 entre Portugal e Espanha. Rúben Semedo estreou-se na selecção portuguesa, que acertou duas vezes na barra.

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LUSA/MARIO CRUZ

Houve público, o que é sempre bom nestes tempos em que a pandemia obriga ao distanciamento social, mas não houve golos, o que nunca é grande sinal num jogo de futebol. Foi com um empate sem golos que Portugal e Espanha celebraram nesta quarta-feira em Alvalade a sua união numa candidatura à organização do Mundial de 2030, um empate ibérico em que os espanhóis foram melhores e os portugueses tiveram as melhores oportunidades de golo. Fernando Santos fez várias experiências que não correram bem e terá de voltar à sua fórmula normal para o jogo do próximo domingo em Paris, perante uma França que não brincou (triunfo por 7-1) no seu particular frente à Ucrânia.

Era um jogo simbólico por várias razões. Celebrava-se mais uma união ibérica para uma candidatura a um Mundial de futebol e o público regressava às bancadas – 2500 pessoas estiveram no estádio do Sporting. Mas a intenção de Fernando Santos e Luiz Enrique não foi celebrar esse simbolismo com a totalidade das suas primeiras opções. Era antes o de experimentar coisas novas, testar soluções alternativas para os jogos do fim-de-semana que, esses sim, contariam para alguma coisa – Portugal vai a Paris defrontar a campeã mundial França, enquanto a Espanha receberá a Suíça, ambos a contar para a Liga das Nações.

O seleccionador português testou, por exemplo, uma dupla de centrais nova, promovendo a estreia de Rúben Semedo para jogar ao lado de Pepe, que se tornou no defesa português mais internacional de sempre (111 jogos). Renato Sanches também foi titular num meio-campo a três com Moutinho e Rúben Neves, enquanto Trincão foi titular no ataque ao lado de Cristiano Ronaldo e André Silva. E não se pode dizer que este composto de novidade-experiência tenha resultado muito bem. Ao contrário da fórmula elaborada por Luís Enrique, com gente a dar os primeiros passos na “roja” que se portou muito bem, como Dani Olmo, Eric Garcia, Gerard Moreno, ou Adama Traoré.

Este duelo ibérico acabou por ser equilibrado no resultado, mas não o foi no jogo. A Espanha foi melhor durante mais tempo (um domínio mais evidente na primeira parte), mas as melhores oportunidades foram de Portugal (mais numerosas na segunda parte).

A selecção portuguesa acusou falta de coordenação em todos os sectores e, basicamente, passou a primeira meia-hora a ver jogar. Dani Olmo, o “canterano” de La Masia que brilha na Bundesliga, era o coordenador do jogo da “roja” e abria espaço para as investidas dos dois Moreno do ataque, Gerard e Rodrigo. Houve remates de perigo médio a que Rui Patrício foi respondendo com segurança, mas, felizmente para Portugal, nunca foram de alerta vermelho.

Verdadeiramente perto do golo esteve Portugal aos 43’, numa jogada confusa em que a bola sobrou para Raphael Guerreiro, mas o canhoto do Borussia Dortmund atirou muito por cima da baliza de Kepa.

O intervalo veio praticamente a seguir e Fernando Santos não esperou mais para mudar algumas das coisas que estavam mal – e poupar alguns recursos valiosos para o jogo de domingo. Saíram Pepe, Moutinho e André Silva, entraram Rúben Dias, William Carvalho e Bernardo Silva, e a equipa pareceu logo mais confortável, sobretudo no meio-campo.

Aos 53’, Portugal voltou a estar bem perto do golo. William Carvalho fez um cruzamento bombeado para a área, Cristiano Ronaldo dominou, tirou um adversário do caminho e atirou à trave da baliza espanhola. Pouco depois, aos 67’, um espectacular remate de trivela de Renato Sanches teve o mesmo destino, após uma jogada de contra-ataque que começou em William e que envolveu Trincão e Ronaldo – a bola bateu na trave, bateu na linha de golo e foi para fora.

Enrique também foi mudando as coisas na “roja”, dando a primeira internacionalização A a Adama Traoré, que fez muitos estragos no flanco direito e causou muitos problemas a Nélson Semedo, que tinha entrado para o lugar de Guerreiro.

Aos 71’, o explosivo extremo do Wolverhampton ganhou a linha de fundo e fez um cruzamento no limite para o remate de Dani Olmo, muito bem segurado por Patrício. Portugal respondeu com uma boa combinação entre Félix e Trincão, mas o jovem do Barcelona não conseguiu bater Kepa. Depois, mais umas aproximações não muito perigosas para cada uma das balizas, mas sem resultados práticos e sem consequência, porque este era um particular. Mas o jogo do próximo domingo já será a valer.

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