A realidade e a ficção das estruturas industriais portuguesas

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O que é que "Conan, O Rapaz do Futuro" tem a ver com o Instagram? E "Mad Max"? Tudo, dirá João Bernardino, que fecha os olhos para os abrir num "mundo mais desolado e árido, por vezes pós-apocalíptico, onde a presença humana quase não se faz sentir e as máquina ganham uma vida própria". Este designer, de 42 anos, não precisa de mergulhar (de arpão na mão) na série de Miyazaki ou de levantar pó no filme de George Miller. Basta-lhe fazer de conta. "Aos poucos, as estruturas logísticas e industriais do Porto de Leixões e da refinaria de Leça — um universo imagético que me cativou desde a infância — começaram a captar um maior interesse da minha parte. Comecei a esperar barcos, a ter mais atenção às cargas e a reconhecer melhor o funcionamento do porto", contou ao P3 @joao.bernardino, no Instagram há cerca de um ano. Este lisboeta, há quase 20 anos no Norte, começou depois a expandir o seu interesse por estas paisagens industriais para lá da sua área geográfica. "Comecei a procurar outras estruturas industriais no grande Porto e mesmo fora dele. Ao mesmo tempo a edição das fotografias começou a ser mais cirúrgica, passei a retirar e adicionar elementos, a dominar e desenhar mais os ambientes e paisagens das imagens. Assim, progressivamente, algumas imagens começam a surgir como formalizações mais conceptuais, por vezes abstracções. Gosto de pensar que por vezes re-visito cenários de alguns filmes e séries como 'Conan, O Rapaz do Futuro' ou 'Mad Max', embora a maior parte das vezes me dê por satisfeito em relacionar as imagens à exaltação da máquina e do progresso à luz dos conceitos das vanguardas modernistas do início do séc. XX."