Começa hoje a melhor Premier League de sempre

Todos os ingredientes estão reunidos para haver espectacularidade e disputa até ao fim. Rivais de Manchester ao "assalto" do título do Leicester, numa luta muito centrada no duelo Mourinho-Guardiola.

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José Mourinho com o fato do Manchester United, uma das novas imagens da Premier League Eddie Keogh/Reuters

Começa neste sábado aquela que se espera que seja uma das mais disputadas e espectaculares edições de sempre da Premier League. Tem tudo para o ser: grandes clubes, grandes jogadores, mas, acima de tudo, grandes treinadores. Este é o ano em que os melhores técnicos do mundo estão todos, ao mesmo tempo, no campeonato inglês: Arsène Wenger no Arsenal, Antonio Conte no Chelsea, Jürgen Klopp no Liverpool, Pep Guardiola no Manchester City e José Mourinho no Manchester United. Se pensarmos que todos juntos somam 23 títulos de campeões nacionais, que nenhum deles gosta de perder e que só um ganhará, tem tudo para ser um campeonato explosivo.

Mas nenhum dos clubes referidos é o campeão em título. Esse é o Leicester, que, na época passada, viveu um conto de fadas, conquistando o título pela primeira vez na história. Dos pilares da última temporada, ainda só saiu N’Golo Kanté, mas, até 31 de Agosto, não se sabe o que pode acontecer com Riyad Mahrez ou Jamie Vardy. Como treinador mantém-se Claudio Ranieri, que renovou até 2020. “É impossível [voltar a ser campeão]. É mais fácil extraterrestres aterrarem em Piccadilly Circus [zona de Londres] ”, disse o técnico italiano em conferência de imprensa, admitindo estar “muito curioso” por saber em que lugar a sua equipa vai terminar.

Para “assaltar” o título do Leicester, prevê-se uma luta acesa entre os rivais de Manchester, naquele que será o segundo capítulo da rivalidade Mourinho/Guardiola, iniciada quando o português estava no Real Madrid e o espanhol no Barcelona. Ambos sabem que para conquistarem a Premier League precisam de bons jogadores e, por conseguinte, de gastar dinheiro. É o que têm feito. O United já gastou 183 milhões de euros nas contratações de Pogba, Mkhitaryan e Eric Bailly e ainda foi buscar Zlatan Ibrahimovic. Já o City apostou nas compras de John Stones, Leroy Sané, Ilkay Gündogan e Nolito. Marlos Moreno também já é "citizen" mas foi emprestado ao Deportivo da Corunha e Gabriel Jesus só chega em Janeiro. No total, foram despendidos 175 milhões.

De uma coisa não há dúvida: é uma aposta fortíssima na nova época por parte de ambos os clubes. Os "citizens" já não são campeões desde 2013-14. Pode não parecer mas, para uma equipa milionária, é muito tempo. Já para os "red devils", o tempo de “seca” é ainda maior, desde 2012-13, a última época de Alex Ferguson. Daí para cá foi uma travessia do deserto, primeiro com David Moyes e depois com Louis Van Gaal, ao ponto do clube não se ter qualificado para a Liga dos Campeões na última época .

Se o United ficou de fora da Champions, o Chelsea não vai a qualquer competição europeia, mercê do péssimo início do último campeonato, ainda sob o comando de Mourinho. Guus Hiddink ainda conseguiu levar o clube ao 10.º lugar mas o trabalho do holandês não foi recompensado com a permanência em Stamford Bridge e a aposta de Roman Abramovich para a nova época é Antonio Conte, técnico habituado a ganhar na Juventus. Dos principais candidatos, o clube londrino é o único que não se vai desgastar com provas europeias, o que pode ser fundamental. Conte poderá, assim, ter mais tempo para montar a sua defesa a três (foi assim que a Juventus e a Itália jogaram sob o seu comando) e para ir integrando os reforços, que, até agora, são apenas dois (Kanté e o avançado Michy Batshuayi).

Numa segunda linha de favoritos estão o Arsenal e o Liverpool, que não podem ser colocados no mesmo patamar que United, City e Chelsea, por aquilo que não têm sido capazes de fazer nos últimos anos. Os "gunners" já não são campeões desde 2003-04. Na época passada, com o Chelsea fora da corrida muito cedo e os rivais de Manchester aquém das expectativas, deixaram escapar o título para o Leicester. Não é crível que, este ano, sem reforços de grande nomeada (apenas o médio suíço Granit Xhaka se pode impor na equipa) o título vá para o Emirates Stadium. No Liverpool a situação é semelhante. Com um jejum que dura desde a época 1989-90, também não parece ser este o ano dos "reds". As contratações (Joel Matip, Loris Karius, Sadio Mane ou Georginio Wijnaldum) não são más, mas insuficientes para lutar de igual para igual com United, City e Chelsea. No entanto, Jürgen Klopp, não sendo o special one, é um treinador especial e já provou que, com menos meios, sabe surpreender (foi bicampeão no Borussia Dortmund interrompendo o domínio do Bayern Munique).

Falta apenas referir quem poderá ser o novo Leicester, ou seja, um campeão inesperado. Olhando para os restantes 15 emblemas da Premier League, o próprio Leicester, o Everton de Koeman ou o Tottenham de Pochettino estarão na linha da frente caso os cinco “grandes” falhem.

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