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É um dos maiores nomes do fado da actualidade e vai ao CCB prestar homenagem a outro gigante. Camané actua a 11 e 12 deste mês no ciclo “Há Fado no Cais”.
A unanimidade – tão difícil de conseguir, no fado como na vida – parece estar com Camané desde que começou a cantar. Dele todos salientam a capacidade interpretativa única, a entrega plena ao fado e ao sentimento de cada palavra cantada. Mas também lhe reconhecem a grande versatilidade, a criatividade ímpar e a sabedoria com que equilibra tradição e inovação. Nos dias 11 e 12 deste mês, sobe ao palco do Grande Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB), no âmbito do ciclo “Há Fado no Cais”, organizado em parceria pelo Museu do Fado e pelo CCB. Os bilhetes para o concerto estão disponíveis aqui ou na bilheteira do CCB mas já restam muito poucos para ambas as datas.
A acompanhar o fadista estarão José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola e Paulo Paz no contrabaixo. Nos dois concertos apresentará temas do seu mais recente álbum: “Camané canta Marceneiro”, editado em 2017. Razão de sobra para se esperar que cada um destes espectáculos configure um momento único. Afinal, não é todos os dias que dois génios do fado se juntam no mesmo palco.
O acaso da colecção de discos dos pais
Foi logo de pequeno que Camané começou a interessar-se pelo fado, diz-se que um pouco por acaso. Mas a verdade é que a sorte, ou o seu destino – de que tanto falam os fados que interpreta – estava traçado. E durante a recuperação de uma doença infantil, descobriu a colecção de discos dos pais, acabando por apaixonar-se pelas vozes de Amália Rodrigues, Fernando Maurício, Lucília do Carmo, Maria Teresa de Noronha, Alfredo Marceneiro ou Carlos do Carmo, entre outros. Desde esse momento revelador até sagrar-se vencedor da edição de 1979 da “Grande Noite do Fado” foi um instante. E a partir daí as portas começaram a abrir-se para Camané, que se dedicou inteiramente à missão de cantar fado.
Rapidamente começou a gravar e a participar em concertos, actuou em diversas casas de fado e até fez parte do elenco de diversas produções de grande sucesso dirigidas por Filipe La Féria. O seu primeiro álbum – “Uma Noite de Fados” – gravado em 1995, conquistou a crítica especializada, que o elegeu como a voz mais representativa da sua geração e os concertos no estrangeiro sucederam-se.
Com o álbum que se seguiu, em 1998 - "Na Linha da Vida" – confirmou as expectativas criadas pelo anterior, passando a ser considerado uma das vozes mais decisivas do fado actual e a integrar os circuitos internacionais de world music.
Prémios e Tiny Desk Concerts
Nestes 20 anos decorridos, com 15 álbuns gravados, todo o sucesso que se lhe antevia aconteceu. E, hoje, Camané ocupa um lugar inigualável. Porque inigualável é a sua voz, a sua postura e sua forma de intuir e oferecer o fado. Camané alcançou um lugar raro, onde não falta sequer o Prémio Tenco, que lhe foi entregue em 2017, a par de Vivicio Capossela e Massimo Ranieri, na categoria de divulgador cultural. Atribuído anualmente, este galardão já foi entregue, entre outras grandes vozes, a Leonard Cohen, Tom Waits, Vinicius, Chico Buarque, Caetano Veloso, Cesária Évora, Sérgio Godinho ou Dulce Pontes.
Outro momento especial na carreira de Camané aconteceu em 2015, quando o artista foi convidado a participar no conceituado programa musical “Tiny Desk Concerts”, da National Public Radio (NPR), uma das principais rádios norte-americanas.
Agora é a vez de voltar ao CCB, para partilhar com os fãs portugueses o seu enorme talento e devoção ao fado, homenageando uma das suas principais referências.
“Há Fado no Cais” desde 2012
O ciclo “Há Fado no Cais” realiza-se desde 2012, ano em que o Museu do Fado se juntou ao CCB para, em parceria, festejarem o melhor do fado. Com uma agenda de concertos mensais, o programa junta os maiores talentos, integrando tanto vozes consagradas como ainda pouco conhecidas do grande público, sem esquecer os virtuosos da guitarra portuguesa.
Este ciclo de 2018/2019 foi inaugurado por Buba, no dia 29 de Setembro, e para os próximos meses estão previstos concertos do guitarrista Gaspar Varela (24 de Novembro), bem como das fadistas Ana Sofia Varela (19 de Janeiro) e Katia Guerreiro (15 de Fevereiro). No dia 21 de Março, vários artistas prestarão homenagem a Celeste Rodrigues, seguindo-se “Fado é Humor” com Marco Rodrigues e Carlos Leitão (5 de Abril), Pedro Jóia (31 de Maio), Francisco Salvação Barreto (7 de Junho) e Isabelinha, que encerrará o ciclo no dia 20 de Julho.
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