Sebastião Bugalho diz que é “o candidato mais escrutinado”, mas admite que Temido seja mais

O cabeça de lista da Aliança Democrática às europeias disse só ter sido convidado na segunda-feira e argumenta que não estava à espera porque até “tinha cortado o cabelo” para “ir de férias”.

Foto
Sebastião Bugalho lidera a lista da AD sem ter desempenhado nenhum cargo político MIGUEL SILVA/NASCER DO SOL
Ouça este artigo
00:00
03:08

Sebastião Bugalho, cabeça de lista da Aliança Democrática na corrida às eleições europeias, esteve esta quarta-feira na SIC Notícias, canal onde trabalhava como comentador político. Numa curta entrevista em que o jornalista assumiu estranheza por estar a entrevistar "um amigo" e que não foram feitas perguntas sobre a União Europeia, o candidato escolhido por Luís Montenegro optou por não falar da sua visão para a Europa, afirmando que estava ali apenas "a despedir-se dos portugueses" que o seguiam enquanto comentador. O até aqui cronista do Expresso considerou-se o candidato "mais escrutinado", apenas "talvez" atrás de Marta Temido, cabeça de lista pelo PS, "por ter sido ministra".

Na entrevista, o jornalista da SIC notou que, embora sejam "amigos há vários anos" nunca lhe conheceu "um pensamento europeu". Sebastião Bugalho garantiu que o tem, mas insistiu em manter a entrevista numa lógica de despedida. Embora não tenha desempenhado qualquer cargo político (foi candidato pelo CDS nas legislativas de 2019, mas não foi eleito), Bugalho está convicto que os portugueses o conhecem.

"Há nove anos que as minhas opiniões são conhecidas", afirmou, auto-elogiando o seu posicionamento "tão assertivo". "Eu nunca fingi que era de esquerda ou que não era conservador", declarou Bugalho. Reconhecendo que é legítimo que questionem a sua escolha, Bugalho, porém, afasta um cenário pessimista: "Nenhum crítico diz que nós vamos perder."

Confrontado com declarações feitas por si enquanto comentador, em que apontava Paulo Portas, antigo líder do CDS-PP, como o único nome "capaz de disputar aquela eleição pelo espaço da direita democrática", Bugalho gracejou e admitiu que, em Outubro, era essa a sua opinião. "Mas as circunstâncias eram diferentes. O Governo de António Costa não tinha caído", justificou.

Segundo o candidato, só na segunda-feira à tarde recebeu, de forma inesperada, o convite por parte de Luís Montenegro. A provar a sua surpresa está... o corte de cabelo. "Eu ia de férias. Até tinha rapado o cabelo", repetiu pelo menos duas vezes. "Acontece tudo muito depressa", afirmou o candidato. O cabeça de lista da Aliança Democrática informou ainda que não esteve envolvido no processo de escolha dos restantes candidatos ao Parlamento Europeu.

Confrontado com o facto de ter estado na SIC Notícias e no Expresso como cronista durante a última campanha eleitoral, atribuindo notas aos candidatos após os duelos televisivos, Bugalho (que até aqui tinha carteira profissional de jornalista) vincou que não escreveu notícias, mas apenas "crónicas e opinião", comparando-se a Ana Gomes ou a Catarina Martins, que também comentaram os debates. As duas, porém, tinham assumidamente ligações a partidos.

Questionado sobre um possível apoio a António Costa para uma candidatura ao Conselho Europeu, Bugalho disse que seria "deselegante" assumir uma posição sem falar com a sua equipa da Aliança Democrática (leia-se, a restante lista de candidatos ao Parlamento Europeu). No entanto, recordou que quando António Costa foi eurodeputado (durante apenas alguns meses, entre 2004 e 2005) declarou o seu apoio a Durão Barroso na candidatura à Comissão Europeia. "A reciprocidade é um bom princípio", concluiu.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários