Rodrigues dos Santos admite desfiliação do CDS e critica “clubinho privado” fechado à renovação

O antigo líder centrista, antecessor de Nuno Melo, criticou a falta de renovação do CDS-PP.

Foto
Francisco Rodrigues dos Santos liderou o partido entre 2020 e 2022 MANUEL DE ALMEIDA/LUSA
Ouça este artigo
00:00
02:41

O antigo presidente do CDS-PP Francisco Rodrigues dos Santos admitiu este sábado, 20 de Abril, desfiliar-se do partido que liderou entre 2020 e 2022, considerando que este se transformou "num clubinho privado de portas fechadas à renovação".

Esta posição foi defendida pelo anterior líder dos centristas num painel de comentário na CNN Portugal, na noite de sábado, ao mesmo tempo que decorria em Viseu o 31.º Congresso do CDS-PP.

"Eu confesso que estou a testar os meus limites para conseguir sustentar a minha filiação no partido, não sei se conseguirei, por isso esta auto-reflexão impunha-se com um distanciamento importante para decisões mais definitivas", salientou.

Francisco Rodrigues dos Santos começou por considerar como "pontos fortes" o regresso do CDS-PP ao Parlamento e ao Governo, acontecimento que classificou como "um sinal de vitalidade" e de que o partido "conseguiu renascer, qual fénix, no panorama político nacional".

O partido perdeu representação parlamentar pela primeira vez na sua história nas legislativas de 2022, altura em que Francisco Rodrigues dos Santos era líder e se demitiu na sequência desse resultado eleitoral.

Na opinião do anterior líder, os centristas têm agora a sua "bala de prata", com deputados e governantes, tendo a possibilidade de "verdadeiramente influenciar a governação".

"Agora, os pontos fracos. Existe uma percepção generalizada de que o CDS se transformou num clubinho privado de portas fechadas à renovação", criticou.

Para Francisco Rodrigues dos Santos, o CDS "deve assumir-se como um partido de futuro e a renovação em qualquer organismo é fundamental para assegurar a integridade física e vital de qualquer instituto".

"As instituições que vivem quer de quadros antigos, quer de história não são partidos políticos, são museus, e esta percepção o CDS tem de conseguir combater", apelou.

O centrista frisou que o partido "é democrata-cristão e não democrata-ancião" e considerou que se "deve relançar e ter capacidade de apresentar novos protagonistas ao país".

"Ouvi hoje [ontem] o presidente do CDS [Nuno Melo] dizer que o CDS tem de afinar o discurso para as mulheres e para os jovens. A média de idades dos representantes políticos nos órgãos de soberania do CDS é de 58 anos e tem zero mulheres", lamentou.

Francisco Rodrigues dos Santos mencionou ainda "a competitividade do CDS à direita" como um ponto fraco.

"Creio que muitos portugueses se perguntam qual é a assinatura do CDS neste programa de Governo e já antes qual tinha sido o seu impacto no programa eleitoral da Aliança Democrática. O CDS nunca negociou lugares, sempre quis impor valores, ideias e projectos políticos ao país. Hoje, essas bandeiras [devem ser] afirmadas de forma inequívoca e clara no seio da governação", considerou.

Sugerir correcção
Ler 20 comentários