Mesmo sem debates, campanhas, ou candidaturas, também o sector dos vinhos tem os seus eleitos. António Soares Franco, presidente da José Maria da Fonseca, o produtor João Portugal Ramos, os enólogos Luís Cabral de Almeida e Francisco Antunes, ou vinhos únicos como o licoroso Czar 2004 ou o Dalva Porto Tawny 50 anos estão entre os eleitos deste ano, uma escolha das revistas da especialidade onde só há vencedores e todos ficam a ganhar.

É assim há vários anos e o sector já se habituou. Mais que os prémios e distinções, que os há para todos os gostos e tendências, é um momento de encontro, de festa e exaltação, que dá animo e puxa pelo sector. Um suplemento de energia servido em dose dupla, já que tanto a Revista de Vinhos como a Grandes Escolhas apresentam a sua eleição em festas próprias com a pompa e encenação dos grandes momentos.

E, se outros méritos não tivessem, mas têm, estas são ocasiões em que todos festejam, celebram e se mostram unidos. Não há nuvens nem vencidos, o sector veste-se de glória e de pujança, num ambiente de orgulho e vaidade que não faz mal a ninguém. Pode até nem ser realista, mas todos sabem também que não é com tristezas que se pagam as dívidas.

Desta vez a Grandes Escolhas decidiu distinguir António Soares Franco (na foto), o "Senhor Vinho", que depois de mais de meio século de liderança passa agora para a sétima geração da família o comando dos destinos de uma empresa que há mais de 190 anos mantém firme a aposta nos vinhos portugueses, tanto dentro como fora das fronteiras nacionais. Já João Portugal Ramos foi o homenageado pela Revista de Vinhos, um reconhecimento pelos 43 anos de carreira do criador do moderno Alentejo vitivinícola e cujos vinhos projectou nos mercados interno e externo a partir dos anos 80.

É sempre grande a expectativa que recai sobre a eleição dos enólogos, encarada como uma espécie de consagração, independentemente da óbvia componente subjectiva que lhe está inerente. Francisco Antunes, do grupo Bacalhôa, foi o eleito da Grandes Escolhas como "Enólogo 2023", tendo Manuel Henrique Silva (Rozès) sido escolhido como "Enólogo Vinhos Generosos 2023". Já para a Revista de Vinhos, o "Enólogo do Ano" é Luís Cabral de Almeida (Herdade do Peso, Sogrape), enquanto Mariana Salvador (Textura Wines, Dão) foi indicada como "Enóloga Revelação". 

Francisco Antunes viu também o seu Bacalhôa 1931 Vinhas Velhas Bairrada Clássico Bical branco 2021, escolhido como o melhor vinho branco do ano e a Grandes Escolhas inclui ainda o Bacalhôa Setúbal Moscatel de Setúbal Superior 40 anos entre os 30 melhores do ano. Nesta lista também os enólogos Rui Reguinga (Terrenus Clos dos Muros Tinto 2017 e Tributo Tinto 2021) e Anselmo Mendes (Parcela Única Alvarinho Branco 2020 e Corta Fogo Vinho Branco 2020, este em parceria com Mário Sérgio Nuno, da Quinta das Bágeiras), aparecem com dupla assinatura.

A eleição deste ano consagrou também Álvaro Martinho Lopes, da Real Companhia Velha com o prémio "Viticultura 2023" da Grandes Escolhas, que atribui a Isabel Drumond Braga o "Prémio David Lopes Ramos 2023" e a Filipe Wang o título de "Sommelier 2023". Por seu lado, Ricardo Morais foi o escolhido pela Revista de Vinhos para "Sommelier do Ano". A publicação consagrou também Ivone Ribeiro (Garage Wines) e Beatriz Machado (Caves Niepoort) entre as personalidades do ano.

Outro dos méritos destas distinções anuais é resultarem ainda na envolvência da gastronomia e dos seus protagonistas mais destacados com o mundo dos vinhos. São a cara e coroa da mesma moeda. Em conjunto e harmonia que verdadeiramente se completam.

João Rodrigues, Pedro Lemos, Renato Cunha, Marlene Vieira e o jovem Nelson Fretas foram os chefs eleitos, destacando assim os restaurantes Canalha, Pedro Lemos, Ferrugem, Marlene e Fifty Seconds a que estão, respectivamente, associados.