Frente à refinaria da Galp, a CDU deixou o alerta: “Os tubarões engolem o peixe miúdo”

Paulo Raimundo esteve esta segunda-feira com alguns dos trabalhadores despedidos aquando do encerramento da refinaria de Matosinhos.

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Atrás do líder do PCP encontrava-se a refinaria de Matosinhos LUSA/ESTELA SILVA
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Foi frente à refinaria da Galp em Matosinhos que começou a segunda semana de campanha da CDU. “O que aqui ocorreu foi um crime económico e social”, explicava o comunista César Martins. As instalações foram fechadas em 2021, levando ao despedimento de mais de 100 trabalhadores. Paulo Raimundo, líder do PCP, juntou-se àqueles que continuam “a luta” pela defesa do seu posto de trabalho e que efectivamente “produzem riqueza e põem o país a funcionar”.

Em 2020 a Galp anunciou que no ano seguinte ia concentrar as operações de refinação no complexo de Sines, deixando de as realizar em Matosinhos. “Diziam que era a transição energética, mas o que aqui ocorreu foi um crime económico e social, que teve como consequência o despedimento de centenas de trabalhadores”, explicou César Martins, uma das "vítimas".

O também candidato da CDU pelo círculo eleitoral do Porto contou ainda que, face ao despedimento colectivo, foram “muitos os casos de divórcio e depressão”. Mais: os que foram despedidos e estavam “perto da reforma tiveram de trabalhar mais 10 anos. Não se conseguiram reformar nem arranjar emprego compatível com as suas qualificações. Foram abandonados.”

E logo atirou contra o Governo, que “não quer saber dos trabalhadores. Quem manda é o capital”, criticou. Em 2023, o Governo PS demarcou-se daquilo que disse ser uma decisão "unilateral" e "desacompanhada" por parte da petrolífera.

Também presente nesta acção esteve o jornalista e cabeça de lista pelo Porto, Alfredo Maia, que referiu que no distrito há “mais de 66 mil desempregados. Quase 21% do conjunto dos desempregados no país”. E salientou que continua a ser necessário “combustíveis e outras centenas de produtos”, como artigos de “cosmética, vernizes e tintas”. Matérias que eram produzidas na refinaria e que “passaram a ser importadas”, referiu.

O alerta foi feito também por Paulo Raimundo instantes depois, no discurso que encerrou a manhã. "A refinaria encerrou [mas] não houve nenhuma alteração aos padrões de consumo". Houve, sim, outras três alterações, que passou a enumerar: alterou-se a “vida de todos os que ali trabalhavam”; o país passou “a comprar lá fora o que produzia cá dentro”; e a Galp fechou a refinaria, mas mesmo assim recebeu “incentivos para continuar o trabalho aí fora”.

“É um crime!”, alguém gritava. E Paulo Raimundo completava: “É um crime económico... Temos de acabar com este caminho em que os tubarões engolem o peixe miúdo.”

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