Maior produtor de carne de porco da Europa perde numa acção sobre greenwashing

Produtor anunciou a sua carne como “climaticamente controlada” e um tribunal superior da Dinamarca emitiu o primeiro veredicto sobre uma acusação de greenwashing do país nórdico.

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Este é o primeiro caso de branqueamento ecológico a ser julgado em tribunal na Dinamarca Andrew Harrer/Bloomberg
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Um tribunal superior da Dinamarca decidiu que o maior produtor de carne de porco da Europa enganou os consumidores ao anunciar a sua carne como "climaticamente controlada", naquele que é o primeiro veredicto de greenwashing do país nórdico.

Um grupo de organizações sem fins lucrativos alegou que a Danish Crown A/S deturpou a sua pegada climática numa campanha de marketing de 2020, que, segundo eles, deu a falsa impressão de que comer carne de porco é bom para o clima. Na sexta-feira, o tribunal do oeste da Dinamarca decidiu que a Danish Crown violou a lei ao rotular a sua carne de porco como "climaticamente controlada". Mas os juízes deram razão à empresa numa outra queixa, aceitando a sua declaração de que a carne de porco dinamarquesa é "mais amiga do ambiente do que se pensa".

O tribunal condenou a Danish Crown a pagar 300.000 coroas (4o mil euros) e a reconhecer que violou as leis de marketing. A empresa não tinha intenção de enganar os seus clientes, afirmou Jens Hansen, um porta-voz, em resposta à decisão de sexta-feira, numa entrevista à TV2.

A Danish Crown abandonou a campanha em 2021 na sequência de críticas, mas continuou a defendê-la, argumentando que se destinava a realçar o enfoque da indústria na redução das emissões de carbono na produção de carne de porco. A cooperativa, que é controlada por mais de 6000 agricultores dinamarqueses, comprometeu-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 50% até 2030.

É o primeiro caso de greenwashing a ser julgado em tribunal na Dinamarca. No ano passado, um juiz municipal remeteu o processo para o Supremo Tribunal, por se tratar de um caso de natureza principal.

A decisão vai ajudar a criar um precedente para casos de greenwashing noutras partes do mundo, disse Rune-Christoffer Dragsdahl, da Associação Vegetariana Dinamarquesa, por telefone. O seu grupo interpôs a acção em parceria com o Movimento Climático, que foi apoiado pelo Conselho Dinamarquês dos Consumidores. Dragdahl disse que espera que a decisão incentive mais organizações ecológicas noutros países, que até agora podem ter hesitado em avançar com este tipo de processos, a seguir processos semelhantes.

A nível mundial, as empresas estão a enfrentar uma pressão crescente para provar que as suas declarações sobre o clima são correctas, caso contrário correm o risco de serem contestadas por activistas, investidores e autoridades. No início desta semana, o Procurador-Geral de Nova Iorque anunciou que vai processar a JBS SA, alegando que a maior empresa de transformação de carne do mundo enganou o público sobre o seu impacto ambiental.

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