De jovens a grisalhos, em Beja gritou-se que “ninguém mais cerra as portas que Abril abriu”

No comício da CDU em Beja, a sala estava ao rubro com novos e velhos. Gritou-se por Abril, por Raimundo e pelo cabeça de lista, João Dias.

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Paulo Raimundo marcou presença no comício da CDU em Beja e seguiu para Santarém LUSA/NUNO VEIGA
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“Em Mértola há alunos que vêm de táxi para a escola face à falta de transportes públicos”. Assim começou o discurso de Lucas Candeias no comício da CDU este sábado, em Beja. O representante da Juventude Comunista Portuguesa (JCP) falava perante uma plateia de cerca de 200 pessoas para exigir emprego, condições nas escolas e o fim dos exames nacionais.

A chuva levou os comunistas a trocar o comício no Jardim do Bacalhau pela Casa da Cultura. Na sala, jovens e menos jovens empunhavam a bandeira nacional e a da coligação PCP-PEV. Paulo Raimundo foi recebido com fortes aplausos e ao som de bombos que faziam vibrar o chão. O líder do PCP percorreu a sala e sentou-se. Mas volta e meia levantava-se para falar e abraçar aqueles que a si se dirigiam.

Antes de pegar no microfone, no palco ouviu-se declamar o conhecido poema de Ary dos Santos, com os militantes a unir vozes no final para prometer que “agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu”.

Entre os presentes encontrava-se o representante da JCP do distrito. Com apenas 17 anos, Lucas Candeias diz ao PÚBLICO que sabe o que quer: “um distrito com melhores salários e pensões e onde dê gosto viver”.

Em 2021, 28% da população do distrito de Beja tinha 65 ou mais anos, de acordo com os dados provisórios dos Censos, citados pelo Diário do Alentejo. A CDU “valoriza o interior e as pessoas”, destaca. E acrescenta que é preciso dar oportunidades aos jovens do distrito, que “muitas vezes emigram”. Não emigrar “é um direito que temos”, remata.

Durante este comício houve espaço para o cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Beja pegar no microfone. “Não vamos permitir que o nosso distrito e país venha a cair no abismo daqueles que dizem ser contra a corrupção, mas se alimentam” dela, afirmou João Dias.

E logo, dirigindo-se a quem atentamente o escutava, prometeu que a CDU lutará para que as crianças sejam “mais felizes, com um ensino público de qualidade e gratuito e creches gratuitas. Mas também um ensino que respeite os professores”.

A intervenção do deputado levou os militantes comunistas ao rubro. E até Paulo Raimundo o reconheceu: “É difícil levantar a plateia da forma como o João levantou.” E deixou-lhe um voto de confiança: João Dias “nunca faltou a nenhuma chamada das populações. É um deputado de palavra, dignidade e confiança. É um deputado ao serviço - e só ao serviço - do povo, ao contrário dos deputados do PS e PSD”, atacou.

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