E que tal discutir a imigração com seriedade?
Queremos mesmo criar no país uma subclasse de pessoas, vítimas da segregação, da violência e da negligência de um Estado sem meios para responder a necessidades tão simples como as da regularização?
A imigração entrou em força na campanha eleitoral e pelo pior dos motivos. Não se percebe como é que um político que já foi primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, seja capaz de dizer na mesma frase uma verdade absoluta (“Nós precisamos de ter um país aberto à imigração”) associando-a a uma absoluta mentira (“mas, cuidado, que precisamos de ter um país seguro”). Pior, fê-lo tendo por base um suposto “sentimento das pessoas”, quando os políticos têm acima de tudo o dever de pensar e agir em função da racionalidade e dos factos. Caindo na demagogia que se alimenta de percepções – todos os indicadores disponíveis contrariam uma causalidade entre a imigração e a insegurança –, Passos Coelho caiu no domínio da mundivisão do Chega e arrastou Luís Montenegro e a AD nessa deriva.
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