Schmidt sabe o que esperar no derby, Amorim nem por isso

O Benfica sabe mais com o que contar do Sporting do que o contrário – e essa é uma mudança relativamente a um passado não muito distante. Nesta quinta-feira, há Taça: e não é Taça como a conhecemos.

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Esgaio e João Mário em duelo num clássico LUSA/RODRIGO ANTUNES
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Durante boa parte da “Era Schmidt” falava-se do perfil unidimensional da equipa do Benfica e, sobretudo, das escolhas previsíveis do técnico alemão. Do Sporting de Rúben Amorim traçava-se um perfil mais complexo e indecifrável. Em Fevereiro de 2024, talvez o jogo da primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal parta de premissas opostas a essas. Nesta quinta-feira, pelas 20h45 (RTP), parece ser relativamente consensual que Roger Schmidt sabe mais com o que contar do Sporting do que Amorim do Benfica – e essa é uma mudança.

O Sporting tem abdicado da permuta permanente entre o perfil dos seus laterais/alas, que era a principal fonte de dúvida criada nos adversários. Com Nuno Santos e Matheus Reis, à esquerda, e Porro e Esgaio, à direita, Amorim “brincava” com um lateral mais ofensivo e/ou de corredor e outro mais defensivo e/ou de exploração de zonas interiores.

Hoje, a opção de Amorim estabilizou em Nuno Santos e Catamo. E mesmo que um jogo de Taça, com campeonato já no domingo, sugira rotatividade, a visão estratégica de Schmidt sobre o Sporting não mudará, em tese, tanto como mudaria há uns meses.

Também o perfil de jogo ofensivo dos “leões” é mais identificável, já que há uma busca mais permanente do ponta-de-lança, seja com Gyökeres em largura, profundidade ou apoios frontais – o “alvo” do ataque é mais claro do que quando havia um ataque mais móvel e com avançados interiores diferentes de jogo para jogo.

O problema? É que ter um adversário mais decifrável não é, de todo, ter um adversário mais fácil de bater – e o Sporting mais unidimensional de 2023/24 prova isso mesmo.

Israel titular

Do outro lado, Amorim olhará para o Benfica de Schmidt como uma dúvida em todos os sectores, algo raro no início do percurso do alemão.

Preparar João Mário ou Neres é diferente. Preparar um ataque com Rafa é diferente de Cabral e é diferente também de Tengstedt. Preparar Kokçu a 10 é diferente de a 8. Preparar Carreras é diferente de Aursnes e é diferente ainda de Morato.

“A equipa é difícil de prever. Um João Mário ou um Neres à esquerda muda muito. Eu espero sempre um Benfica forte e que vai variando muito os seus jogadores e as características que põe no jogo. A forma como pressionamos o João Mário não é igual ao Rafa”, exemplificou o treinador do Sporting, na antevisão do jogo.

No Sporting já se sabe que Franco Israel será titular na baliza, como tem acontecido em jogos de Taça. Uma fonte de tranquilidade relativamente a Adán, que tem estado na berlinda, ou um jovem ainda mais errático do que o espanhol, como sugeriram alguns momentos do internacional uruguaio?

A resposta certa está por chegar e este derby poderá dar algumas pistas a esse respeito – até porque um bom desempenho de Israel numa meia-final de Taça, frente ao Benfica, adensará a dúvida sobre se Amorim vai retirar a baliza a Adán daqui em diante.

Taça a duas mãos não é Taça

Fora das componentes tácticas e individuais, este jogo tem um bom motivo de interesse e um de desinteresse. Pela positiva, é uma partida bastante imprevisível, não pelo cliché atribuído aos derbies, mas porque, sendo jogo de Taça a meio da semana, terá, por certo, opções inesperadas nos “onzes”, sobretudo no do Benfica.

Pela negativa, é uma partida que, não sendo a eliminar, como um verdadeiro jogo de Taça, vai ser menos relevante do que poderia ser.

Há quem diga que a opção se justifica pela ideia de multiplicar jogos entre grandes, por serem confrontos comuns nas “meias”, e quem defenda que se trata de tentar esvaziar, em duas mãos, possíveis clubes "aventureiros" de chegarem a uma final que retire ao Jamor um clássico.

Seja qual for o motivo da decisão, não há, para este jogo, qualquer fatalismo associado a uma derrota e mesmo um empate, a ser cenário na última meia hora de jogo, não será visto por ninguém como urgente reverter – haverá sempre mais 90 minutos de futebol no Estádio da Luz.

Nesta quinta-feira haverá ainda a conclusão do Santa Clara-FC Porto, que definirá o adversário do Vitória de Guimarães na outra meia-final. Segundo a previsão meteorológica, não haverá chuva, pelo que poderemos ver futebol, ao contrário do que aconteceu na primeira tentativa de duelo entre as duas equipas.

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