Basalto e Blunt Knives: uma melancolia pop com uma atmosfera teatral

Músico de Viana do Castelo estreia-se com um EP que envolve, num manto pop, “um gene musical mais triste”. Blunt Knives, de Basalto, já está nas plataformas digitais.

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Basalto (Guilherme de Sousa) PEDRO AZEVEDO
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Chama-se Guilherme, mas escolheu para nome artístico Basalto. Publicou um primeiro single em 2022 e esta sexta-feira lança o seu primeiro EP, denominado Blunt Knives, com a colaboração dos músicos Rui Gaspar (First Breath After Coma), Sofia Ribeiro (LINCE, We Trust) e Mariana Leite Soares. Vai apresentá-lo ao vivo no Porto, em dois espectáculos: dia 9 de Março, no Passos Manuel, e dia 10 de Maio no Maus Hábitos.

Nascido Guilherme de Sousa, em Viana do Castelo, a 4 de Setembro de 1994, estudou música desde cedo, concluindo, ainda em Viana, o 5.º grau de clarinete e formação musical. “Isso começou por uma vontade minha de experimentar instrumentos”, explica ao PÚBLICO. “Gostei do clarinete e estudei até terminar o 5.º grau. A dada altura, eu já não queria tanto ter as aulas de música, mas continuei até ao final.”

Passou depois para a dança, vindo mais tarde a frequentar uma Pós-Graduação em Dança Contemporânea, promovida pela ESMAE e pelo Teatro Municipal do Porto. Mas pelo meio meteu-se o teatro. “Queria ser bailarino. Até que, um dia, na escola de dança, falaram comigo porque precisavam de uma criança para uma peça de teatro num grupo amador, fui fazer essa peça e a partir daí decidi que, afinal, queria ser actor e estudar teatro.” Manteve então dança, em paralelo, mas agora com um maior enfoque na formação teatral.

Mas manteve interesse na música e, a dada altura, começou a compor. “As minhas primeiras experiências ocorreram durante a pandemia: fiz as primeiras demos, comecei a escrever letras, a compor as primeiras músicas. Quando a pandemia foi ficando para trás, fui começando a falar com outras pessoas, entre as quais a Sofia Ribeiro, para produzir o meu primeiro single, Little boy big tears [publicado em Outubro de 2022] e a partir daí as coisas começaram a ficar mais sérias.” Um ano depois, em Outubro de 2023, lançou outro single, Melt in you, e em Janeiro de 2024 deu a conhecer o tema que viria a baptizar o EP que agora publica, Blunt knives. Este, além das três canções até aí reveladas, inclui mais três: Loners (já publicada dia 16), Penelope e Lost in silence.

É uma atmosfera densa, pesada, aquela em que se move a música de Basalto. Tanto nas letras como na música. “Há um gene musical mais triste, do qual sempre me aproximei mais enquanto ouvinte. Mas há vários artistas que são extremamente importantes para mim, como a Lana Del Rey, James Blake, Anohni & The Johnsons, Roy Orbison, Elvis, por vários motivos. O Roy Orbison mais pela forma de cantar, Lana Del Rey e James Blake mais pelo tipo de sonoridade. A música dos cantores que cantam sobre temas mais melancólicos, mais trágicos, sempre foi aquela com que mais me identifiquei.”

Nos vídeos já publicados, onde essa atmosfera se exponencia, o cantor usa os gestos e a expressão do próprio corpo como núcleo central da imagem, actor gestual da sua própria música. É algo que lhe advém da experiência na dança e no teatro, reconhece: “Sim, há uma vontade de dar um cunho mais teatral e dramático ao projecto, também por uma influência mais cinematográfica. Pensar na fisicalidade, na gestualidade da personagem e criar uma coreografia em torno disso. É um trabalho que já não faço sozinho mas com o Pedro Azevedo, que pensa comigo o lado mais visual do projecto, fotografia, vídeo.” O trabalho de Guilherme com Pedro, em dupla criativa, começou em 2016, o que os levou à fundação, três anos mais tarde, em 2019, da associação cultural BLUFF.

ria.”

O nome artístico escolhido por Guilherme, Basalto, pedra escura de raiz vulcânica, nasceu num misto de intensão e acaso: “Na procura por nomes de pedras e minerais, encontrei o nome basalto e, de alguma forma, criei um tipo de ligação com ele, por causa dessa coisa mais soturna, mais pesada e sombria que marca a minha música.” Onde as letras são, todas elas, escritas em inglês. “Por identificação. E por, no meu papel de ouvinte, de apreciador de música desde bastante novo, sempre me conectei mais com músicas compostas em inglês e isso tornou-se normal para mim. Em nada desvalorizo a escrita em português, mas no meu caso foi esta a minha experiência.”

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