Centros de recuperação receberam 1261 animais selvagens e devolveram 497 à natureza em 2023

Quercus assinala que, nos últimos anos, tem registado um aumento no número de animais feridos, pormenor que associa a uma maior sensibilidade da população e das autoridades.

Foto
Os ouriços-europeus foram dos mamíferos que mais deram entrada nestes centros. Das aves, em maior número, houve muitas gaivotas e cegonhas-brancas Martin Henrik
Ouça este artigo
00:00
02:49

Foram 1261 animais que deram entrada para tratamento e 497 que recuperaram e foram devolvidos ao meio natural. Estes são os números correspondentes a 2023 nos três Centros de Recuperação de Animais Selvagens (CRAS) que estão a ser geridos pela Associação Nacional para a Conservação da Natureza (Quercus) em Castelo Branco, no Cadaval e em Santo André (no Litoral Alentejano). Os dados foram divulgados nesta quarta-feira.

A maior afluência de animais selvagens deu-se no mês de Junho e revela uma “tendência normal nos CRAS portugueses”, que a Quercus associa a um aumento da presença de aves migratórias que vêm reproduzir-se no nosso país, circunstância que acaba por se reflectir no nascimento e na dispersão de crias.

Ao longo de 2023, dos animais recolhidos nos centros de recuperação as aves foram presença maioritária: gaivotas (Larus sp.) com 124 entradas (9,2%), cegonhas-brancas (Ciconia ciconia) com 97 entradas (7,2%), andorinhas-dos-beirais (Delichon urbicum) com 92 entradas (6,8%) e mochos-galegos (Athene noctua) com 85 entradas (6,3%).

Foto
As gaivotas foram um dos animais que mais ingressaram nestes centros de recuperação Gonçalo Lobo Elias/ARQUIVO

Nos mamíferos, destacam-se os ouriços-europeus (Erinaceus europaeus), com 57 animais (4%) e espécies de anfíbios e répteis (herpetofauna), em menor número.

No que diz respeito a exemplares com estatuto de conservação elevado e incluídas no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, a Quercus registou a entrada 18 espécies como o abutre-preto (Aegypius Monachus), a coruja-do-nabal (Asio flameus), a abetarda (Otis tarda) e o milhafre-real (Milvus milvus).

As causas de entrada mais frequentes foram devido a queda do ninho e traumatismo de origem desconhecida. A organização ambientalista aponta ainda a perseguição aos animais por tiro e envenenamento, situações associadas ao cativeiro, atropelamentos em estradas e embates em linhas eléctricas e vedações ou arame farpado. E destaca, ainda, como causa para os ferimentos infligidos a exemplares tratados nos CRAS, os ataques de outros animais, nomeadamente domésticos (na sua maioria gatos, mas também por cães).

A maioria dos exemplares foi recolhida pelo Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana (38%), pelo ICNF (28%), através de Vigilantes da Natureza e outros técnicos, assinala a Quercus. A recuperação dos animais recolhidos esteve a cargo de 169 voluntários.

A Quercus diz que está a verificar-se uma tendência no aumento do número de ingressos de animais nos três centros de recuperação, fenómeno que atribui a uma “maior sensibilidade da população e das autoridades” para a protecção animal e à visibilidade dos CRAS a nível nacional através da sua divulgação online.

Sugerir correcção
Comentar