Açores: as trocas, quem ficou no caminho e outras curiosidades das eleições

Seis das nove ilhas mudaram de cor partidária face a 2020. A abstenção desceu em relação às últimas eleições, mas houve uma coligação com apenas quatro votos.

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José Manuel Bolieiro, líder da coligação vencedora, irá estudar formas de formar governo Rui Gaudêncio
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A coligação PSD/CDS/PPM venceu este domingo as eleições regionais dos Açores. No total, a coligação arrecadou 42,08% dos votos, elegendo 26 deputados, ficando a três deputados da maioria absoluta (29).

O PS foi o segundo partido mais votado (em 2020 tinha sido o partido vencedor, embora igualmente sem maioria), com 23 mandatos (35,91%), seguido pelo Chega, com cinco mandatos (9,19%).

José Manuel Bolieiro, líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM, no poder nos Açores desde 2020, disse que irá governar com "uma maioria relativa" nos próximos quatro anos, evitando dizer se fará acordo com o Chega, que passou de dois para cinco deputados. O Bloco de Esquerda (2,54%), Iniciativa Liberal (2,15%) e partido Pessoas-Animais-Natureza (1,65%) elegeram um deputado regional cada, completando os 57 eleitos.

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Quem mudou de cor?

  • Foi a primeira vez em 32 anos que o PSD venceu as eleições nos Açores.
  • Seis das nove ilhas trocaram de favorito: São Miguel, Pico, São Jorge, Terceira, Graciosa trocaram o PS pela coligação PSD/CDS-PP/PPM. Já os eleitores do Corvo desta vez preferiram o PS.
  • Quer Vasco Cordeiro, quer José Manuel Bolieiro não conseguiram que os seus partidos fossem os mais votados nos concelhos onde respectivamente nasceram. Enquanto na Povoação, concelho onde nasceu Bolieiro, o partido mais votado foi o... PS (42,65% dos votos contra 37,74%), em Ponta Delgada, concelho onde nasceu Vasco Cordeiro, o partido mais votado foi a coligação liderada por Bolieiro.​

São Miguel elege 20, Corvo elege dois

  • Mais de metade dos eleitores inscritos votaram e a abstenção fixou-se nos 49.7%, abaixo dos 59,5% das eleições de 2020.
  • Nestas eleições regionais existe um círculo por cada uma das nove ilhas e um círculo regional de compensação, reunindo este os votos que não forem aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.
  • São Miguel, a maior ilha do arquipélago, elege 20 deputados, seguindo-se a Terceira, com dez deputados, o Pico e Faial, com quatro parlamentares, e São Jorge, Santa Maria, Graciosa e Flores, com três. Já o Corvo, a ilha mais pequena dos Açores, o Corvo, elege apenas dois deputados.
  • O círculo de compensação permitiu distribuir cinco mandatos pelo Chega, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda e PAN.

Quem quem ficou de fora

  • A esquerda voltou a perder a maioria do parlamento para a direita.
  • Já em 2020, o PS tinha vencido as eleições, mas a sangria de votos à esquerda fez com que perdesse a maioria absoluta e surgisse a coligação pós-eleitoral de direita, suportada por uma maioria de 29 deputados após assinar acordos de incidência parlamentar com o Chega e a IL (acordo esse que o rompeu em 2023).
  • CDU, (1,58%), o Livre (0,64%), o JPP, (0,54%) e o ADN (0,33%) não conseguiram eleger nenhum deputado.
  • A CDU falhou por 84 votos e o Livre ficou "preocupado" com "uma subida da direita e uma descida muito, muito significativa da esquerda, toda".
  • A coligação Alternativa 21 (MPT/Aliança) teve quase todas as suas listas rejeitadas em tribunal, com excepção do círculo eleitoral de Santa Maria. Por isso, no total, conquistou apenas quatro votos.

O silêncio de Cordeiro

  • Vasco Cordeiro, presidente do Governo Regional entre 2008 e 2020, era recandidato e admitiu que ficou "aquém dos resultados eleitorais que havia fixado como objectivo". Não falou sobre o seu futuro nem sobre uma possível viabilização de um governo da coligação.
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