Polícias: Sindicato admite “forte possibilidade” de protestos impedirem eleições

O presidente do Sindicato Nacional da Polícia avisa que os protestos das forças de segurança “podem ganhar outra dimensão” e apela ao Governo para dar atenção às reivindicações da classe.

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Manifestação de polícias no Porto a 31 de Janeiro Adriano Miranda
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O presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL), Armando Ferreira, avisou este sábado para um eventual boicote às eleições legislativas de 10 de Março caso até lá o Governo não ouça as reivindicações da classe.

“Há mais de um mês que o Governo e o Presidente da República se aperceberam disto” – dos protestos dos polícias e da GNR , mas “o Governo continua num silêncio ensurdecedor em que não diz nada, não faz nada”, disse na SIC Notícias. “Temo que, por este andar, o primeiro-ministro não vai ficar em funções só até 10 de Março”.

Questionado sobre se estava a admitir um boicote às eleições legislativas, afirmou que é “uma forte possibilidade”: “Quem transporta os boletins de voto e as urnas são as forças de segurança”, reforçou.

Armando Ferreira era ouvido na sequência do boicote dos polícias ao jogo Famalicão-Sporting desta tarde e sublinhou que este tipo de acções de protesto – neste caso pela multiplicação de baixas médicas dos profissionais escalados – “se vai repetir noutros jogos de futebol” e avisou que “as coisas podem ganhar outra dimensão”.

Carta ao primeiro-ministro

A plataforma que congrega sindicatos e associações das forças de segurança anunciou este sábado ter escrito ao primeiro-ministro sobre a "situação limite" dos profissionais que representa, alertando para um eventual "extremar posições" perante a "ausência de resposta" do Governo. No entanto, a carta ainda não chegou a António Costa, informou fonte do gabinete do chefe de Governo à Lusa.

"O gabinete do primeiro-ministro não recebeu a carta referida no comunicado. Quando a carta chegar, merecerá a devida análise e a resposta do primeiro-ministro", disse à Lusa a assessoria de António Costa.

Em ofício datado deste sábado e enviado na sexta-feira, a Plataforma dos Sindicatos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e Associações da Guarda Nacional Republicana (GNR) transmite a António Costa que "os polícias chegaram ao limite, podendo desesperadamente extremar posições, como as que estão a desenvolver-se por todo o país".

Manifestando "preocupação (...) quanto ao que poderá provir daqui em diante", a plataforma, que, até aqui, "conseguiu manter a acção reivindicativa dentro dos limites da lei", realça agora que "não tem condições de enquadrar" todas as formas de protesto, antecipando que estas "atingirão proporções indesejáveis".

A plataforma lamenta a "falta de disponibilidade" do primeiro-ministro para reunir e justifica assim a "necessidade de alargar e amplificar os motivos" do "descontentamento".

"É imprescindível e urgente uma responsável actuação por parte do Governo", urge a plataforma, que congrega 11 sindicatos da PSP e associações da GNR.

Os elementos da PSP e da GNR exigem um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária, estando há mais de três semanas em protestos que começaram com um agente da PSP a pernoitar em frente à Assembleia da República, em Lisboa, e que depois se alargaram a todo o país.

Notícia actualizada às 21h15 com informações sobre a carta enviada ao primeiro-ministro

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