A Universal Music vai retirar todo o seu catálogo da rede social TikTok

As duas empresas não chegaram a acordo na renovação do contrato que termina hoje. A discográfica acusa a rede social de querer construir um império baseado na música, sem pagar o justo valor.

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As músicas dos artistas da Universal Music vão deixar de estar disponíveis para os utilizadores do TikTok e TikTok Music Reuters/Dado Ruvic
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Como o acordo que existia entre a Universal Music Group (UMG) e a plataforma TikTok expira nesta quarta-feira e não foi renovado, a Universal Music anunciou que vai retirar todo o seu catálogo de músicas desta rede social e deixar de licenciar conteúdos para os serviços TikTok e TikTok Music. A poucos dias da cerimónia dos Grammys, que se realiza a 4 de Fevereiro, os utilizadores desta rede vão deixar de ter as canções dos artistas representados pela UMG disponíveis para colocar nos seus curtos vídeos e estas poderão também ser retiradas das publicações antigas.

O anúncio foi feito na terça-feira numa carta aberta para a comunidade de artistas e autores de canções intitulada Why we must call time out on TikTokpor aquela que é uma das maiores editoras discográficas do mundo. A Universal Music Group acusa a empresa tecnológica chinesa, sediada em Xangai, de utilizar tácticas de intimidação para a forçar a aceitar um contrato "menos justo e menos valioso" do que o actual para os artistas que representa. Por isso, músicas de superestrelas como Taylor Swift, que tem concertos da sua Eras Tour agendados para Lisboa e 24 e 25 de Maio, Lady Gaga ou Drake podem a partir da meia-noite desta quarta-feira desaparecer dos vídeos do TikTok, como revela o The Hollywood Reporter, mas também canções de Bad Bunny, Rosalía e The Weeknd (o músico canadiano regressa a Portugal para um concerto, integrado na digressão After Hours Til Dawn, a 6 de Junho). A Universal assinou recentemente com a Deezer um acordo para uma “mudança radical” no negócio do streaming

Nessa carta aberta, a UMG explica que o TikTok propôs, nas negociações do novo contrato, pagar aos artistas muito menos pela reprodução e utilização das canções do que as outras plataformas de redes sociais oferecem. As principais editoras discográficas recebem direitos das plataformas de streaming e das redes sociais pelos seus conteúdos.

TikTok é uma das redes sociais mais populares do mundo, com mais de mil milhões de utilizadores, propriedade da empresa chinesa ByteDance, e segundo a Universal Media Group representa apenas 1% do volume de negócios desta empresa.

Ao mesmo tempo, a UMG afirma que a rede social se recusou a tomar medidas suficientes para proteger os artistas "da proliferação" de conteúdos gerados por inteligência artificial e da violação de direitos de autor. "A rede social TikTok está a tentar construir um negócio baseado na música, sem pagar o valor justo pela música", referem.

"Além disso, o TikTok faz poucos esforços para lidar com a vasta quantidade de conteúdo que infringe os direitos de autor da música dos nossos artistas e não ofereceu soluções significativas para a maré crescente de problemas de proximidade de conteúdo, muito menos para a onda de discurso de ódio, fanatismo, intimidação e assédio na plataforma. O único meio disponível para solicitar a remoção de conteúdos ilegais ou preocupantes (como deepfakes pornográficos de artistas) é através de um processo monumentalmente complicado e ineficaz que se assemelha ao equivalente digital do Whack-a-Mole", acrescentam no documento. "Mas quando propusemos que tomassem medidas semelhantes às de outros parceiros de plataformas para tentar resolver estes problemas, responderam primeiro com indiferença e depois com intimidação."

Por seu lado, a plataforma afirmou em comunicado ser "triste e decepcionante que a Universal Music Group tenha colocado a sua própria ganância à frente dos interesses dos seus artistas", refere o jornal Le Monde. Ao descrever as declarações da Universal como "falsas", a plataforma afirma ainda que a editora discográfica "optou por se afastar do poderoso apoio de uma plataforma que tem mais de mil milhões de utilizadores e que serve de veículo gratuito para a promoção e descoberta do talento" de artistas e autores de canções.

Com Reuters e Lusa

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