Afinal, ainda há vida neste Benfica

“Encarnados” venceram derby frente ao Sporting com dois golos no tempo de compensação. Gyökeres marcou primeiro para os “leões”, João Neves e Tengstedt protagonizaram a reviravolta.

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Benfica e Sporting empataram a um golo Reuters/PEDRO NUNES
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O Benfica candidato ao título afinal estava só a dormir. Depois de tantas dúvidas, os “encarnados” deram uma enorme prova de vida, ao triunfarem sobre o Sporting por 2-1, na Luz, com os dois rivais lisboetas a partilharem agora o comando do campeonato, ambos com 28 pontos. Os “leões” estiveram mais de meio jogo em vantagem, depois de um golo de Gyökeres, e, mesmo a jogar com menos um, pareciam ter a vitória no bolso, mas João Neves e Tengstedt resgataram o Benfica para uma incrível reviravolta já no tempo de compensação.

No lançamento do jogo, toda a gente queria saber o que ia na cabeça de Roger Schmidt. O que iria Rúben Amorim fazer ninguém discutia – era só ver qualquer jogo do Sporting nos últimos tempos. Iria o alemão voltar ao seu plano normal de 4x2x3x1, ou aquela experiência de 3x4x3, com muita gente a jogar fora de posição e de eficácia discutível? Quando saíram as fichas de jogo, a primeira avaliação era: três centrais.

Mas assim que a bola começou a rolar, Schmidt tinha escolhido um perfil semelhante ao mais habitual, mas com Morato a fazer de lateral-esquerdo e Aursnes na direita, e com João Neves a jogar no sítio onde deve jogar sempre, no meio-campo, mais Musa como ponta-de-lança.

No Sporting, a única mudança táctica foi ter dois alas mais defensivos (Esgaio e Matheus Reis) em vez de um mais ofensivo (Nuno Santos ficou no banco). E o núcleo do meio-campo teria o regresso de Morita, depois de três jogos de ausência – o que não era propriamente uma surpresa.

O que o jogo começou por mostrar foi um Benfica mais parecido com o que se viu na última época, a reagir bem à perda da bola, a fazer o cerco à área contrária com muita gente e a ter várias aproximações perigosas. Aos 9’ e aos 12’, Rafa Silva esteve muito perto do golo, primeiro, num remate que saiu ao lado após um belo trabalho de Musa na área, depois com uma bola ao poste após um erro de Diomande na construção.

O Sporting não pareceu saber lidar no imediato com um Benfica tão pressionante e abusou um pouco das faltas, ficando com dois dos centrais amarelados, Coates e Inácio, algo que viria a ser importante mais à frente.

Num momento em que o jogo já parecia mais nivelado, o Benfica voltou a ter uma bela oportunidade de marcar, aos 24’. João Mário, desmarcado por António Silva, picou a bola por cima de Adán e Florentino ainda tentou lá chegar, mas a bola saiu ao lado.

Trubin a brilhar

Foi de bola parada que os “leões” tiveram a sua primeira grande oportunidade. Num canto de Pedro Gonçalves a partir da direita, Diomande subiu e cabeceou para uma grande defesa de Trubin. Dois minutos depois, foi Marcus Edwards a picar por cima da defesa do Benfica na direcção de Pedro Gonçalves, mas o seu remate saiu à figura do guardião ucraniano do Benfica.

Nesta altura, o Sporting já parecia ser a equipa que sabia melhor o que fazer em campo, com os jogadores mais bem posicionados e a reduzir ao mínimo as perdas de bola. Mais, estava a conseguir ficar com ela mais vezes e durante mais tempo. E, mesmo a fechar a primeira parte, foi num desses momentos que chegou ao golo - Edwards ganhou uma bola a João Mário, deixou Otamendi pelo caminho e deu para Gyökeres, que já acelerava para a área. O sueco passou por António Silva e, com o pé direito, acertou no espaço entre Trubin e o poste, para o seu 12.º golo de “leão” ao peito.

Gyökeres, de quem se disse ter estado na lista de compras do Benfica, mas que terá sido recusado por ser muito caro, mostrava mais uma vez que valia cada um dos vinte milhões de euros que o Sporting tinha pago por ele. Não se tinha mostrado muito até então, mas só precisou de um pouco de espaço para acelerar e rebentar com a baliza do Benfica. Na melhor altura. Os “encarnados” não iriam ter tempo de responder na primeira parte.

A segunda parte começou com alguns minutos em que o Sporting parecia ter o jogo controlado, mas o sentido do jogo mudou radicalmente aos 51’. Inácio fez uma falta sobre Rafa e Artur Soares Dias entendeu que era merecedora de amarelo – era o segundo e Inácio foi mais cedo para o balneário, deixando os “leões” com 40 minutos pela frente com menos um.

Schmidt tentou aproveitar quase de imediato, carregando a equipa de avançados (Tengstedt e Arthur Cabral) e Amorim teve de redesenhar a equipa, tirando Edwards para meter St. Juste, e fazendo outras alterações para fazer a contenção.

Só que o Benfica, quantos mais avançados tinha em campo (Guedes também foi a jogo), menos perigo conseguia criar. E os “leões” pareciam de uma consistência a toda a prova. Ou quase. Porque já no tempo de compensação, João Neves foi o salvador do Benfica. Canto a partir da direita, Morato ganhou nas alturas e o jovem médio fez o empate. Estávamos nos 94’. Mas não iria ficar por aqui. Pouco depois, Aursnes avançou pela direita, tirou um cruzamento, Rafa falhou o toque, mas Tengstedt, na cara de Adán, acertou na baliza. O assistente assinalou fora-de-jogo, mas Artur Soares Dias mandou esperar. Da Cidade do Futebol veio a confirmação: o dinamarquês estava quatro centímetros em jogo. E o Benfica, afinal, estava vivo.

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