Funeral do controverso príncipe zulu Buthelezi atrai multidão

O veterano político sul-africano morreu na semana passada com 95 anos. Durante décadas liderou o partido nacionalista zulu, que teve violentos confrontos com o ANC.

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Participantes do funeral reuniram-se num estádio em Ulundi ROGAN WARD/Reuters
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Kopano Tlape/EPA/HANDOUT
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Participantes do funeral reuniram-se num estádio em Ulundi
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Participantes do funeral reuniram-se num estádio em Ulundi ROGAN WARD/Reuters

Milhares de pessoas enlutadas deslocaram-se ao Leste da África do Sul neste sábado para o funeral de Estado de Mangosuthu Buthelezi.

O veterano político sul-africano, príncipe zulu e figura controversa durante a luta contra o apartheid, morreu na semana passada com 95 anos.

As pessoas – algumas delas vestidas com roupas tradicionais zulu, feitas de pele de leopardo e outros animais, e com escudos feitos com pele de vaca – reuniram-se num estádio na vila de Ulundi, onde dançaram, cantaram e celebraram antes da cerimónia.

Os meios de comunicação sul-africanos noticiaram que duas girafas e seis impalas foram mortos e esfolados para a cerimónia.

Buthelezi, fundador do Partido da Liberdade Inkatha (IFP, na sigla em inglês), que foi por duas vezes ministro da Administração Interna no primeiro governo pós-apartheid, depois de se reconciliar com o Congresso Nacional Africano (ANC), tinha sido sujeito a uma operação às costas em Julho e foi novamente internado porque a cirurgia não lhe resolveu as dores que sentia.

O IFP, que fundou em 1975, tornou-se a força política dominante no que é hoje a província KwaZulu-Natal.

Tal como o ANC, o IFP era crítico da governação pela minoria branca, que tinha relegado os zulu e outros sul-africanos negros para territórios delimitados.

Mas o seu movimento nacionalista zulu viu-se enredado em conflitos sangrentos com o ANC nas décadas de 1980 e 1990. O ANC era dominado por membros da nação xhosa e os seus líderes viram a colaboração esporádica de Buthelezi com as autoridades do apartheid como uma traição aos sul-africanos negros.

Os dois partidos fizeram as pazes quando Buthelezi decidiu participar nas eleições de 1994, a primeira após o final do apartheid, que conduziram à vitória de Nelson Mandela.

Por essa altura, já umas 20 mil pessoas tinham sido mortas e centenas de milhares tinham fugido das suas casas devido a confrontos entre os apoiantes de Buthelezi e os do ANC – razão pela qual os críticos de Buthelezi o apelidaram de senhor da guerra. Demitiu-se da liderança do IFP em 2019.