Sobe para três o número de mortes provocados pela tempestade em Espanha

Três homens morreram e uma pessoa está desaparecida por causa da tempestade que afectou Espanha. Duas delas perderam a vida enquanto esperavam por assistência, mas as cheias impediram o socorro.

Carro compacto
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Em Toledo, esta manhã, uma estrada ficou completamente inundada por causa da DANA Reuters/ISABEL INFANTES
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Autarca de Toledo pediu "máxima precaução" Reuters/ISABEL INFANTES
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Inundações em Alcanar, Tarragona, Espanha Reuters/@anastasia.flidlider_watercolor
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Em Madrid, pessoas receberam mensagens nos telemóveis Reuters/@anastasia.flidlider_watercolor
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Circulação de comboios e autocarros interrompida Reuters/@anastasia.flidlider_watercolor

O número de vítimas mortais provocadas pela tempestade que atingiu Espanha este domingo subiu para três. As autoridades de socorro espanholas acabam de confirmar a morte de um homem de 50 anos em Toledo, no município de Camarena. Foi encontrado sem vida esta tarde no leito do ribeiro Gadea, perto de casa. A família não sabia do seu paradeiro desde as 21h de domingo.

Já tinham sido confirmadas outras duas mortes, ambas em Toledo, por causa da depressão a que os espanhóis chamaram DANA (a sigla da expressão "Depressão Isolada de Altos Níveis" em espanhol). Um homem morreu em Bargas depois de o carro em que viajava ter ficado imobilizado na A40 durante as inundações. Outro homem, de 20 anos, perdeu a vida em Casarrubios del Monte preso num elevador numa garagem. Em ambos os casos, os serviços de emergência foram incapazes de chegar aos locais dos incidentes por causa das cheias causadas pela tempestade.

Pelo menos duas pessoas ficaram desaparecidas desde que o automóvel em que seguiam caiu ao rio Alberche, em Madrid. Uma delas — um rapaz de 10 anos — foi resgatada esta manhã, depois de se ter ficado empoleirado numa árvore. O segundo ocupante desaparecido é o pai da criança.

O carro caiu ao rio depois de as águas terem transbordado as margens, provocando estragos em duas pontes — uma no acesso à estrada M50, outra na entrada para a estrada M510. A mãe e outra filha também estavam no interior do carro, mas foram encontradas com vida durante a noite e já estão no hospital.

A precipitação forte levou a que várias regiões espanholas tenham estado sob alerta vermelho este domingo por causa da precipitação forte. O nível de risco baixou para o amarelo esta segunda-feira em Madrid, Castela e Leão, Castela-Mancha, País Basco e La Rioja​.

Mais de 1250 incidentes até às 1h30

De acordo com a Agência Estatal de Meteorologia espanhola, os 60,4 litros de chuva por metro quadrado que caíram em Valladolid entre as 8h de domingo e a mesma hora desta segunda-feira (hora de Lisboa) é a maior precipitação de que há registos — desde 1973 — nesta cidade. O recorde anterior era de 1 de Setembro de 1999, quando se contabilizaram 56,3 litros por metro quadrado.

No total, e apenas até às 1h30 locais (00h30 de Lisboa), os serviços de emergência 112 registaram 1257 incidências só na Comunidade de Madrid — a mais afectada pela tempestade. Entre elas estão "numerosos pedidos de resgate" de pessoas presas em veículos e em vivendas. ​

Os habitantes de Madrid devem ficar em casa até terem "informações adicionais". Todos os números de telemóvel registados na capital espanhola receberam um alerta na tarde deste domingo para o "risco extremo" de tempestades. Madrid esteve em estado de alerta vermelho até à meia-noite, com previsões de chuvas fortes. Pedro Sánchez, presidente em funções do Governo espanhol, continua a pedir "precaução".

"Não use o seu veículo caso não seja estritamente necessário e fique em casa até receber informação adicional. Ligue 112 em caso de emergência", mostra uma mensagem publicada pelo diário espanhol El País. Há risco sério de inundações e previu-se 120 litros de água por metro quadrado na capital espanhola. As últimas estimativas dizem que a precipitação foi de 91,2 litros por metro quadrado até às 23h10 locais — o terceiro valor mais elevado de que há registo no país.

A linha de alta velocidade Madrid-Andaluzia foi restabelecida por volta das 8h, depois de ter estado cortada durante a madrugada. Um troço entre Mora e La Sagra, na província de Toledo, teve de ser reparado. Os comboios têm de abrandar ao passarem por essa região e há restrições à velocidade em todo o percurso.

Localidades isoladas

O município de Aldea del Fresno foi um dos mais afectados em Madrid por estar rodeado por três rios: Alberche, Perales e Arroyo de Villanueva. Todos transbordaram e, à conta disso, a região ficou "isolado", afirmou a vereadora Isabel Hernández. ​As três pontes que ligavam Aldea del Fresno a Villadelprado, Villamanta e Chapinería caíram. Apenas uma quarta ponte, de acesso a Méntrida, suportou a força das chuvas — mas o percurso do autocarro não passa por lá, impossibilitando a circulação da população que trabalha nos municípios vizinhos.

Em Buenache de Alarcón​, a autarquia vai pedir que o município seja considera uma zona de catástrofe. Neste momento, segundo a autarca Raquel Hortelano, os serviços camarários e a população está a limpar a lama que se acumulou nas estradas. Mas também há casas e lojas inundadas. "Não conseguimos dar conta de tudo", queixou-se a autarca.

Atlético de Madrid-Sevilha adiado

As implicações da tempestade DANA chegaram também ao futebol: o jogo entre Atlético de Madrid e Sevilha, da quarta jornada da Liga espanhola de futebol, marcado para as 18h30 locais (17h30 em Lisboa), também foi adiado devido à previsão de chuva intensa na capital espanhola.

A autoridade meteorológica de Espanha colocou grande parte do território de Espanha em alerta devido à chuva. A agência meteorológica emitiu um alerta vermelho máximo, que significa possível perigo extremo, para a região de Madrid. As condições meteorológicas acalmarão ao longo desta segunda-feira.

“Devido à situação excepcional e anormal, em que serão ultrapassados recordes de precipitação, peço ao povo de Madrid que hoje fique em casa”, escreveu o governador de Madrid, José Luis Martinez-Almeida, no X, antigo Twitter. O autarca de Toledo, Carlos Velásquez, admite que a situação é "complicada", pedindo a todos "máxima precaução".

Nuvens escuras acumulavam-se no céu da capital durante o início da tarde de domingo, mas muita gente ainda passeava pelas ruas. "Acho que (o alerta vermelho) é uma boa ideia", disse Manuel Loro, morador em Madrid há 42 anos. "A melhor coisa a fazer é não usar o carro hoje. A chuva vai ser mais forte às 18h, então vou para casa mais cedo."

Os serviços de emergência de Madrid também enviaram mensagens de texto aos residentes para os alertar para os riscos de inundações e aconselhando-os a não utilizarem veículos.

Ventos de 70 km/h em Tarragona

Na Catalunha, há também o perigo de fenómenos costeiros, pois em Tarragona esperam-se ventos de 60 a 70 quilómetros/hora (força 8), com vento de nordeste e ondas de três a quatro metros. Em Alcanar, que faz parte de Tarragona, na costa leste da Espanha, os serviços de emergência também pediram que os moradores fiquem nas suas casas devido ao risco de inundações depois de a chuva chegar aos 215 litros por metro quadrado nas últimas 24 horas.

As autoridades catalãs interromperam a circulação de autocarros e comboios, à medida que as chuvas torrenciais causam inundações. Os registos apontam 243 litros de água por metro quadrado na capital, com a Protecção Civil a pedir que as pessoas não saiam de casa.

A agência activou, também, o aviso amarelo, devido a chuvas na Andaluzia, Aragão, Baleares, Múrcia, País Basco, La Rioja e na cidade de Ceuta. No total, são 12 as comunidades que estão hoje com algum tipo de alerta.

Segundo o El País, a circulação ferroviária entre a Catalunha e Valência foi interrompida. As chuvas torrenciais também provocaram o corte de uma estrada entre Tarragona e Castellón durante mais de duas horas.

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