PCP lança livro para centrar “debate político em torno da TAP”

Comunistas defendem que “o que salvou a TAP foi o carácter público”, caso contrário a empresa “já tinha desaparecido”, e que “tem todas as condições para servir o país”.

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A apresentação do livro decorre esta terça-feira com a presença do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo Miguel Manso
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Numa altura em que o Governo se prepara para privatizar a TAP, o PCP apresenta esta terça-feira um livro que pretende “contribuir para a centragem do debate político em torno da TAP” e para a "luta contra a privatização”. Um livro que surge depois de terminada a comissão de inquérito parlamentar (CPI) à gestão da companhia aérea, durante a qual os comunistas insistiram, muitas vezes de forma isolada, na necessidade de centrar os trabalhos nas consequências da privatização da empresa.

O lançamento de Dossier TAP: Resistindo às privatizações acontece esta terça-feira, um dia antes da discussão do relatório final da CPI no Parlamento, e vai decorrer no Espaço Santa Catarina, em Lisboa, às 18h, com a presença do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.

Ao PÚBLICO, Vasco Cardoso, membro da comissão política do Comité Central do partido, não esconde a relação com a comissão de inquérito, explicando que os comunistas resolveram avançar com o livro porque, embora a CPI tenha sido "uma oportunidade para que muito do que temos dito ao longo dos anos pudesse, a partir de factos revelados, ser confirmado", as "atenções mediáticas não se centraram na questão fundamental desta comissão". Mas rejeita que seja uma obra "sobre as conclusões do PCP" em relação à CPI.

A ideia é antes "ir buscar o fio à meada sobre a história" desta empresa, desde que foi criada e privatizada por Salazar, até ao actual processo de privatização posto em marcha pelo Governo PS, lembrando as relações com a privatização da ANA.

E defender que "o que salvou a TAP foi o carácter público", particularmente em 2015 e em 2020, com a gestão de David Neeleman. "De outra forma já tinha desaparecido", argumenta o dirigente comunista, que considera que a TAP "tem todas as condições para servir o país em vez de ser entregue ao capital estrangeiro", por já estar "capitalizada".

"A TAP é das últimas grandes empresas nacionais, tem uma expressão de três mil milhões de euros para as nossas exportações, assegura sete mil postos de trabalho de forma directa e tem uma contribuição para a Segurança Social e em termos de IRS que não é pouco importante para as nossas contas e, portanto, é uma empresa que prestigia o país e deve ser defendida para evitar o questionamento em relação ao futuro", diz.

Embora o processo de privatização da empresa já esteja em curso, Vasco Cardoso considera que "ainda pode ser travado", lembrando que "já estivemos praticamente a perder a TAP para a Swiss Air e isso não se verificou".

Mas alerta que "não basta a propriedade pública". "É preciso uma gestão em linha com os interesses do país", ao contrário do que aconteceu desde 2020, defende, já que "tivemos uma gestão pública que teve na sua orientação o pior que a gestão privada tem", seja na remuneração dos administradores, nos cortes de salários ou na contratação de serviços externos.

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