Dependendo de onde vives, o preço da carta de condução pode ficar entre 480 e 1050 euros

Faro e Beja são os distritos que apresentam os valores mais elevados. Regiões autónomas são onde se encontram os preços mais baratos.

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Beja e Faro são os distritos mais caros para se tirar a carta Unsplash

Estás a pensar tirar a carta de condução? Então fica a saber que, dependendo de onde vives, pode custar-te entre 480 e 1050 euros. É mais caro tirar a carta de ligeiros em Faro e Beja — os preços mais baixos são mesmo na Madeira e nos Açores. Isto significa que, se passares à primeira nos exames, a diferença entre o preço mínimo e o máximo pago pode ser de 569 euros.

O P3 contactou 58 escolas de condução em Portugal para perceber quais são os valores praticados e o que está ou não incluído no preço. Por uma questão de representatividade, tentámos falar com três estabelecimentos de cada distrito, mas nem sempre foi possível: em Beja conseguimos falar apenas com uma escola de condução, o mesmo aconteceu em Portalegre. E em Santarém, Viseu, Guarda e Faro, falámos com duas escolas cada. Já no Porto e em Lisboa, abordámos seis escolas, por serem distritos onde há maior oferta e procura.

Os dados que recolhemos já incluem o material didáctico e o atestado médico. As simulações tiveram em conta também o preço dos exames (partindo do princípio que passas à primeira) e a modalidade de pagamento em prestações.

De acordo com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), só em Portugal continental existem 1112 escolas de condução.

Onde é mais caro tirar a carta? E mais barato?

É em Beja e Faro que a carta de condução é mais cara, com preços a rondar, em média, os 950 e os 1050 euros, respectivamente. Seguem-se os distritos de Évora, Portalegre e Viana do Castelo, com os valores a chegar aos 900 euros. Já em Braga e Vila Real, os preços variam entre os 800 e 850 euros, sendo que em algumas escolas da região bracarense poderás conseguir tirar a carta por menos. Na Guarda, espera gastar à volta de 800 euros.

No Porto, podes encontrar preços entre 695 e 790 euros. Já em Lisboa podem variar entre 625 e 750 euros. O distrito de Aveiro acompanha a tendência destes dois (entre 650 e 785 euros).

Se vives em Santarém ou em Setúbal, está atento, porque é onde os valores mais variam: encontrámos preços entre 599 e 840 euros, Nestes distritos, a variação é a mais elevada a nível nacional e ronda os 240 euros.

Nesta lista, os estabelecimentos dos arquipélagos aparecem no fundo da tabela por serem os mais baratos. Na Madeira, os preços variam entre 481 e 690 euros e nos Açores entre 665 e 690 euros. A fechar o pódio dos mais baratos, aparece Coimbra com preços abaixo dos 700 euros.

Na casa dos 700 euros estão os distritos de Bragança (entre 750 e 780), Castelo Branco (entre 700 e 720) e Leiria (695 e 725). Já as escolas de condução de Viseu apresentam valores que variam entre 650 e 730.

O presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP) ressalva que os preços "não variam de distrito para distrito, variam sobretudo de escola para escola". Em entrevista ao P3, Carlos Barbosa diz ainda que as diferenças nos preços praticados estão relacionadas com a "preparação que essas escolas fazem para levar cada aluno a fazer o exame de condução", porque uma boa preparação implica um maior custo. E como o barato sai caro, quando não há uma boa preparação, os alunos “acabam por pagar o dobro do preço” do que teriam gasto se tivessem ido para uma escola onde os preços praticados são ligeiramente mais elevados, acrescenta.

E o que pesa para os jovens na hora de decidir tirar a carta? O preço, sim, apesar de na maioria das vezes serem os pais ou outros familiares a pagar. Mas também a proximidade a casa, de acordo com os jovens ouvidos pelo P3. Matilde Gomes, 20 anos, estudante universitária, tem carta há um ano. Tirou-a em Valongo e pagou 640 euros, mas na altura de tomar a decisão o que mais contou foi a proximidade: “O preço acabou por não ser algo que influenciou muito porque tenho uma escola de condução mesmo perto de casa. Estar a escolher outras ia implicar mais deslocações e gastos em transportes, quando podia simplesmente ir a pé.”

André Silva, 21 anos, ainda está à procura de escolas, mas também diz que o que mais pesa é a proximidade. Não esconde que está a adiar o passo de tirar a carta: o jovem, que trabalha num supermercado no Carregado, cita, entre os motivos, o facto de não ter muito tempo livre e sentir alguma ansiedade em relação à condução.

O que deves saber?

Deixamos algumas dicas se estiveres à procura de uma escola de condução: pergunta sempre se os exames estão incluídos no valor, uma vez que em algumas escolas o pagamento da taxa de inscrição nos exames tem de ser feito em separado. Quatro das 58 escolas revelaram adoptar este modelo, com o exame de código a custar 98 euros e o de condução 118 euros.

As escolas permitem que o pagamento seja feito a pronto pagamento ou a prestações, mas esta última modalidade implica, em alguns casos, preços mais elevados. Vinte escolas de condução disseram que os valores se mantêm independentemente do modo de pagamento, enquanto as restantes 38 disseram que o preço aumenta com a modalidade de prestações. Na grande maioria dos casos, quanto maior o número de prestações, mais elevado é o valor a pagar.

O atestado médico é indispensável para quem pretende tirar a carta de condução e, por isso, algumas escolas tentam facilitar este processo. Vinte e cinco dos 58 estabelecimentos disseram que encaminham os alunos para um consultório, embora represente um custo adicional em relação ao preço inicial que varia entre os 15 e 40 euros. Quatro referiram que o atestado está incluído no valor inicial e 29 afirmaram que a aquisição do atestado médico é uma obrigação do aluno e que este tem de o obter pelos seus próprios meios.

Se reprovares, repetir o exame de código pode variar entre 50 e 200 euros e o de condução entre 196 e 415 euros. Estes valores já incluem a frequência de cinco horas do módulo da teoria e as oito horas da prática obrigatórias, previstas na lei.

Cinco escolas revelaram ainda fazer os exames apenas em centros privados, uma vez que tendem a ser mais rápidos na marcação das provas em relação aos centros públicos. Vinte e duas revelaram fazer apenas em centros públicos por uma questão de comodidade e localização e 31 disseram que deixam essa decisão ao critério do aluno. No entanto, na maioria das escolas a realização dos exames em centros privados representa custos acrescidos.

Em 2022, 110.559 pessoas tiraram a carta de condução de veículos ligeiros. Apesar de os jovens sub-20 terem sido o grupo com maior representatividade, registaram a maior quebra com uma redução de 4000 cartas emitidas face a 2018. O sector da mobilidade tem evoluído e as novas soluções podem estar na base destes valores, como a preferência pelas viaturas descaracterizadas (Uber e Bolt, por exemplo), os incentivos aos passes de transportes públicos e a adopção de meios de transporte mais sustentáveis, como as bicicletas. Com João Santos Silva

Notícia editada às 10h55 do dia 5 de Maio com a resposta do IMT sobre o número de escolas em Portugal continental.

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