Bolieiro acredita que o “bom senso vai prevalecer” pela estabilidade nos Açores

“Se cuidarmos das crises reais e evitarmos as artificiais já é um bem público que alcançamos”, defendeu José Manuel Bolieiro.

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José Manuel Bolieiro, líder do executivo açoriano Anna Costa

O presidente do Governo dos Açores disse esta sexta-feira acreditar que o "bom senso" de Iniciativa Liberal (IL) e do deputado independente "há-de prevalecer" relativamente à estabilidade política na região, após o fim do acordo que suportava o executivo.

"Creio que o bom senso há-de prevalecer e todos os que têm responsabilidades institucionais, não pelo protagonismo pessoal, mas pelo reconhecimento do interesse comum e público, naturalmente aportam, sobretudo, uma boa influência pela estabilidade", afirmou.

José Manuel Bolieiro, que falava à margem de uma visita a um centro médico em Ponta Delgada, respondia aos jornalistas após ter sido questionado sobre a posição do representante da República para os Açores, que alertou o deputado da IL e o independente Carlos Furtado para a importância da "estabilidade política".

O presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) realçou ainda a necessidade de "minimizar os impactos negativos" das crises inflacionista e da guerra na Ucrânia. "Se cuidarmos das crises reais e evitarmos as artificiais já é um bem público que alcançamos", declarou.

Sobre se o representante da República devia ter tido uma posição pública após a IL e o deputado independente terem rompido o acordo que garantia apoio maioritário ao executivo regional, o governante considerou que os "primeiros responsáveis" em "espoletar uma crise pela instabilidade" são os partidos políticos.

"O primeiro responsável é sempre aquele que pode espoletar uma crise pela instabilidade e isso está no domínio dos partidos políticos. Esses é que devem ser os primeiros a considerar qual o seu papel na democracia e na estabilidade política governativa", destacou.

Bolieiro notou que os partidos podem promover a estabilidade não apresentando uma moção de censura ao Governo Regional. "O parlamento dos Açores pode promover a estabilidade, não criando, desde logo através de instrumentos que estão previstos e que são democráticos, por exemplo, uma moção de censura. Portanto, são todos co-responsáveis", vincou.

Numa carta datada de 10 de Março, enviada pelo representante da República à IL, Pedro Catarino revela ter tomado a "devida nota da decisão tomada" pelo deputado liberal Nuno Barata em "denunciar o acordo de incidência parlamentar" com o PSD.

Pedro Catarino diz ainda estar "convencido de que a IL continuará a ter em conta tais valores na sua participação nos trabalhos da Assembleia Legislativa", referindo-se à estabilidade política.

Contactado pela agência Lusa, o deputado independente, Carlos Furtado, confirmou que o representante da República na missiva que lhe dirigiu também alertou para os "valores da estabilidade política" e do "regular funcionamento dos órgãos do poder regional".

A 8 de Março, o deputado único da IL no parlamento açoriano, Nuno Barata, rompeu o acordo de incidência parlamentar de suporte ao Governo dos Açores, chefiado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, e depois o independente Carlos Furtado, ex-Chega, também rompeu com esse acordo.

Os dois deputados já admitiram negociar "ponto a ponto" com o Governo dos Açores para manter a estabilidade governativa na região.

Os três partidos que integram o Governo Regional (PSD, CDS-PP e PPM) têm 26 deputados na assembleia legislativa e contam agora apenas com o apoio parlamentar do deputado do Chega, José Pacheco, somando assim 27 lugares num total de 57, pelo que já não dispõem de maioria absoluta.

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