Estudantes do Porto projectam campus unido por ponte dourada — e podem ganhar um prémio

O objectivo é criar uma ligação entre estudantes e faculdades no Campo Alegre. A ideia chegou à final da Streetlife Design Competition, um concurso para estudantes de Aquitectura Paisagista.

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Universitários do Porto projectam um Campo Alegre unido por ponte dourada DR
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Universitários do Porto projectam um Campo Alegre unido por ponte dourada DR

Ligar todo o pólo académico do Campo Alegre, no Porto, por via de um passadiço dourado que serpenteia entre o topo das árvores para escapar aos troços rodoviários. O projecto urbanístico The Golden Connection, idealizado pelos universitários Alex Albuquerque, Isabelle Freitas, Mayara Mendes e Mariana Horta, propõe um percurso pedestre entre a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP)​, o planetário e a Faculdade de Arquitectura (FAUP), a fim de encontrar alternativas às estradas que atravessam o Campo Alegre desde a década de 1960.

A proposta dos quatro estudantes do Mestrado em Arquitectura Paisagista, na FCUP, coordenada pelo docente José Miguel Lameiras, está entre os 12 finalistas do concurso Streetlife Design, um palco internacional para estudantes de arquitectura paisagista. A ideia foi seleccionada entre outras 70, quatro delas provenientes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Mariana Horta descreve o percurso diário no Campo Alegre para assinalar o potencial de “um lugar que parece esquecido”. A pensar no aproveitamento da área verde, o plano urbanístico que imaginaram inclui a construção de praças e espaços lúdicos, promovendo o contacto entre estudantes das diferentes faculdades. “Praças bem planeadas produzem resultados sustentáveis ao nível ambiental, social, económico e cultural”, lê-se, na apresentação da ponte dourada, acessível para pessoas com mobilidade reduzida.

A infra-estrutura projecta uma perspectiva sobre o rio Douro, enquanto serpenteia entre a copa das árvores do Campo Alegre DR
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A infra-estrutura projecta uma perspectiva sobre o rio Douro, enquanto serpenteia entre a copa das árvores do Campo Alegre DR

Durante seis meses, o grupo alicerçou o trabalho na técnica japonesa kintsugi, utilizada para, com ouro, unir pedaços de porcelana. Por isso, explica Mariana Horta, a “beleza única” e a fragmentação do pólo académico originou a ideia do tom dourado – a que chamaram a ligação dourada. Além disso, o projecto foi aprimorado pela recolha “da opinião e ideias de pessoas fora da área”.

A partir do Brasil, Alex Albuquerque explica que o passadiço de 500 metros, idealizado em aço, material concebido para “suportar a variação térmica e a radiação solar”, seria “facilmente montado” através de peças prefabricadas, opção que “prejudica menos a vegetação”.

Ainda que o percurso pedestre na ponte dourada não seja tão rápido como o existente, Alex Albuquerque salienta a segurança e a experiência aliada ao “prazer de passear entre árvores” e longe da rodovia, com vista sobre o rio Douro. “Vamos unir os pedaços do Campo Alegre com ouro e trazer uma nova vitalidade”, sugere o estudante no Mestrado em Arquitectura Paisagista.

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Além da ideia da ponte dourada, o grupo de mestrandos projectou uma intervenção urbanística capaz de ligar a infra-estrutura ao Estádio Universitário e ao Jardim Botânico do Porto, reforçando o elo nas imediações do Campo Alegre. Esta parte do plano incorporou uma outra ideia, de 2013, na qual uma ponte sobre a Via de Cintura Interna liga directamente o Estádio Universitário ao Jardim Botânico do Porto.

A intenção de voltar a unir este pólo académico é tema recorrente na academia portuense e um objectivo da direcção da faculdade de arquitectura, que em Outubro de 2021 argumentou: “Este espaço (...) carece duma intervenção unificadora que, amortecendo o impacto da estrutura viária que o espartilha, possibilite a criação de percursos pedonais e ciclovias entre as diferentes faculdades.”

Através do projecto paisagista, Mariana Horta espera, “como aluna do Porto” e independentemente do resultado da Streetlife Design Competition, “chamar a atenção da autarquia para um espaço verde excelente para unir estudantes”.

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Mayara Ledo, um dos elementos do grupo que planeou o "The Golden Connection" DR
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Da esquerda para a direita: Alexandre Albuquerque, Isabelle Freitas, Mariana Horta e José Miguel Freitas (docente FCUP responsável pelo grupo de mestrandos) FCUP

O concurso reúne universitários de todo o mundo e avalia propostas urbanísticas e paisagistas que incentivem a “repensar e redesenhar os espaços, gerando ideias com futuro", explica o docente José Miguel Lameiras. Os prémios da competição variam entre os mil e os 7000 euros. O projecto The Golden Connection, que os estudantes vão apresentar em Leiden, nos Países Baixos, a 24 de Março, concorre na fase final com 12 propostas dos EUA, Reino Unido, Ucrânia, Alemanha, Itália, Países Baixos, Bélgica, República da Irlanda e República Checa.

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