Da vida afectiva dos maestros

Com Tár, 16 anos depois do seu último filme, Todd Field reaparece na grande cena do cinema em período marcadamente pós-pandémico.

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Cate Blanchet, já duplamente oscarizada em filmes de Scorsese (O Aviador) e Woody Allen (Blue Jasmine)

Os dois filmes anteriores de Todd Field tiveram em Portugal como títulos Vidas Privadas (In the Bedroom, 2001) e Pecados Íntimos (Little Children, 2006). Ambos lhe trouxeram nomeações para o Óscar de argumento adaptado (e, no caso de Vidas Privadas, melhor filme). Com Tár, 16 anos depois, reaparece na grande cena do cinema em período marcadamente pós-pandémico: a protagonista, cujo apelido dá o título ao filme, magnificamente interpretada por Cate Blanchet, já duplamente oscarizada em filmes de Scorsese, secundário por O Aviador, e Woody Allen, principal em Blue Jasmine, é a maestrina da Orquestra de Berlim que por esse motivo deixara ainda por gravar a Quinta de Mahler numa colecção de toda a obra sinfónica do compositor a ombrear com as conhecidas de Bernstein ou Abbado — esses da vida real, sendo Abbado o último predecessor real da Filarmónica de Berlim na genealogia ficcionada de Lydia Tár, como muitos outros citados abundantemente em toda a parte inicial do filme — e num momento sui generis de crise mundial, da cultura do cancelamento ao desenvolvimento dos populismos e de tentações de perversão dos mecanismos democráticos capazes de ameaçar o equilíbrio de um prolongado tempo de aparente paz ou, como se convencionou chamar guerra fria.

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