Aos 35 anos, o stress interrompeu a brilhante carreira de Mikkel Hansen

Lateral esquerdo que recentemente se sagrou tricampeão mundial pela Dinamarca viveu um ano de 2022 atribulado. Agora, pára por tempo indeterminado. “Estava a aproximar-se do limite”.

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Mikkel Hansen mudou-se para o Aalborg no início da temporada Aalborg Handbol/Facebook

Pouco mais de uma semana depois de se ter sagrado tricampeão mundial de andebol, Mikkel Hansen decidiu fazer uma pausa na carreira. A decisão foi comunicada pelo clube do lateral dinamarquês e sustentada com base em "sintomas de stress" que o têm afectado. Depois de um 2022 agreste, o ano de 2023 volta a trazer dificuldades a um dos maiores praticantes da história da modalidade.

"Após o regresso da final do Campeonato do Mundo, percebemos que estava a aproximar-se do limite e, juntos, fizemos a escolha certa, que consiste em dar o tempo necessário e o apoio profissional para o Mikkel [Hansen] recuperar", justificou Jan Larsen, director do Aalborg, clube que o jogador representa desde o ano passado.

Aos 35 anos, Mikkel Hansen está a enfrentar momentos delicados: "É uma reacção de stress após um ano extraordinariamente difícil", acrescenta o emblema dinamarquês, em comunicado. Momentos que nem o terceiro título consecutivo, alcançado pela Dinamarca no final do mês passado, ajudou a suavizar.

O ano "extraordinariamente difícil" de Hansen é relativamente fácil de explicar. Em Março de 2022, começou por ser submetido a uma cirurgia ao joelho (ver publicação no Instagram em baixo), que acabou por ter sequelas inesperadas. Durante o período de recuperação, foi-lhe diagnosticada uma flebite numa das pernas, juntamente com uma embolia pulmonar, que o atirou durante meses para fora do campo.

"O período de seis meses de medicação [para prevenir coágulos sanguíneos] acaba em meados de Setembro. Depois disso, poderei retomar os treinos na íntegra. Para já faço corrida, treino de força, algum andebol, mas sem contacto. Há o risco de hemorragia interna se sofrer uma pancada forte", explicou o então jogador do PSG à Sport TV2 dinamarquesa, em Agosto último.

Foi um período de mudanças numa fase adiantada da carreira. Depois de anos a jogar fora do país-natal (dois anos no Barcelona e 10 no Paris Saint-Germain), Mikkel regressou a casa para representar o Aalborg, onde foi recebido como um herói desportivo, com as benesses e exigências que o estatuto comporta. O problema de saúde, porém, trocou-lhe as voltas e obrigou-o a trabalhar em contra-relógio para estar disponível para o Mundial.

O "prejuízo" não foi total porque o lateral esquerdo aproveitou a pausa competitiva para recuperar e juntou-se à equipa logo no arranque do Setembro. Até à paragem para o Campeonato do Mundo, fez 29 jogos e marcou 160 golos, ajudando a equipa a chegar à liderança do campeonato dinamarquês. E na Polónia e na Suécia, sedes do Mundial, voltou a ser preponderante - embora com números inferiores aos de outras edições.

"Estamos ansiosos pelo regresso do Mikkel, mas neste momento o mais importante é que cuide dele mesmo em conjunto com a família", sublinhou Jan Larsen, assegurando que a decisão foi tomada após consulta com a equipa médica e que esta pausa vigorará por tempo indeterminado.

Considerado por três vezes o melhor andebolista mundial do ano (2011, 2015 e 2018), Mikkel Hansel foi providencial para conduzir a Dinamarca ao terceiro título seguido, alcançado após um triunfo sobre a França, na final. Desta vez, porém, não assumiu a mesma notoriedade que alcançara em 2019 (eleito melhor marcador e melhor jogador do torneio) e em 2021 (melhor jogador), tendo inclusive ficado de fora das escolhas para a All-star Team da prova.

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