Homem investigado por racismo matou três curdos em Paris

Ataque em Paris fez três mortos. Ministério Público francês diz que o atirador já tinha atacado um acampamento de migrantes há um ano e era investigado por outro crime com motivações raciais.

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Tiroteio no centro de Paris faz três mortos e vários feridos Reuters, Joana Gonçalves

Pelo menos três pessoas morreram e duas ficaram feridas depois de um atirador abrir fogo junto a uma associação cultural curda, a um restaurante e a um salão de cabeleireiro no centro de Paris, em França, esta sexta-feira, cerca das 12h locais (11h em Portugal continental).

O atirador, um homem de 69 anos, reformado, foi detido. O Ministério Público francês indica que o presumível autor do ataque era já conhecido pelas autoridades — tinha atacado um acampamento de migrantes há um ano, com recurso a um sabre, e estava a ser investigado por outro crime com contornos racistas cometido em 2016.

As três vítimas mortais eram membros da comunidade curda parisiense. As autoridades estão a investigar possíveis motivações racistas para o ataque e o Governo decretou o reforço da segurança desta comunidade predominantemente muçulmana.

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O ataque nas imediações da Rua d'Enghien, no 10.º arrondissement, chegou a levar as autoridades a pedir à população da zona para se manter em casa. Uma testemunha disse à agência de notícias francesa AFP que pelo menos sete ou oito tiros foram disparados, gerando pânico na rua.

Confrontos durante visita de ministro

O ministro francês da Administração Interna, Gérald Darmanin, deslocou-se durante a tarde ao local do tiroteio e avançou mais detalhes sobre o atirador: o homem, que agiu sozinho, praticava tiro desportivo e tinha "muitas armas" declaradas. Segundo o ministro, “não é certo que tivesse como alvo específico curdos”, mas sim “estrangeiros”. O governante acrescentou ainda que deverão ser conhecidas novas informações nas próximas horas, mas que de momento o presumível autor do tiroteio se encontra a receber tratamento hospitalar.

O ministro sublinhou que a polícia conseguiu chegar ao local “em menos de quinze minutos” e que, apesar do seu cadastro, o atirador “não era conhecido pelos serviços secretos”, nem estava registado "como alguém de extrema-direita".

Durante a conferência de imprensa do responsável governamental, membros da comunidade curda que se manifestavam no local atiraram pregos, pedras e parafusos contra as forças policiais, que depois ripostaram com gás lacrimogéneo. Pelo menos dez polícias ficaram feridos, segundo o Le Monde.

O Presidente Francês, Emmanuel Macron, disse através do Twitter que os curdos foram alvo de "um ataque hediondo no coração de Paris"."Os nossos pensamentos estão com as vítimas, as pessoas que lutam para sobreviver, as suas famílias e seus entes queridos", disse Macron.

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