2022: escritores escandinavos, de novo

Um dos melhores e mais singulares romances publicados este ano é da autoria do escritor e dramaturgo norueguês Jon Fosse

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Jon Fosse, uma escrita hipnótica, encantatória Enric Vives-Rubio/arquivo

Septologia — um romance em sete partes, que Jon Fosse, por razões editoriais, dividiu em três volumes — é um longo exercício de procura dessa “escuridão luminosa”, uma ambiciosa divagação sobre o amor, a religião e o passar do tempo. O Outro Nome, agora publicado,é o primeiro dos três volumes; nele, Asle, um pintor, começa por fazer um quadro apenas com duas linhas que se intersectam, e é partir daquele gesto que toda a procura começa; ao mesmo tempo, narra-se também a vida de um outro pintor, com o mesmo nome, Asle, que vive num lugar próximo, mas que se entregou ao álcool. É entre estes dois homens (ou serão apenas duas versões do mesmo como o próprio autor indagou numa entrevista ao Ípsilon há cerca de um ano?) que toda a história se desenrola, com bastas referências às memórias da falecida mulher do primeiro. É uma escrita hipnótica, encantatória, que cria um ambiente de que é difícil escapar. Os gestos e os sentimentos, nos textos deste autor, encaixam sempre nas paisagens agrestes que lhe servem de cenário, e que são também a porta para a melancolia de um tempo idílico. Septologia é, sem dúvida, a magnum opus do autor norueguês, algo diferente (com um fôlego desmesurado) do que escrevera até hoje.

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