Fernando Santos antes do jogo com Marrocos: “Deixem o Ronaldo em paz”

Seleccionador nacional explicou o momento em que comunicou ao avançado que não ia ser titular diante da Suíça e deixou rasgados elogios a Marrocos.

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Fernando Santos destaca a necessidade de Portugal ser uma equipa intensa LUSA/JOSE SENA GOULAO

Fernando Santos explicou nesta sexta-feira, na conferência de imprensa de antevisão do jogo entre Portugal e Marrocos, a conversa que teve com Cristiano Ronaldo antes do embate com a Suíça, em que o capitão da selecção foi relegado para o banco de suplentes.

"Essa conversa aconteceu, naturalmente, mal seria se não tivesse acontecido. Só dou a equipa hora e meia antes do jogo, sempre fiz assim na carreira, e essa conversa tinha de acontecer. Não faço isso com todos, é verdade, mas o capitão de equipa, alguém que é quem é em termos de projecção, profissionalismo, naturalmente que tinha de ter a conversa com ele", começou por adiantar.

E quando aconteceu esse diálogo? "Aconteceu no dia do jogo depois de almoço, a explicar-lhe as razões porque não ia jogar. Reuni-me com ele e dei-lhe a conhecer. Expliquei-lhe. Se ele ficou muito satisfeito? Não, óbvio. Sempre foi titular e é normal que tenha dito: 'Mister, acha?'. É normal, foi uma conversa tranquila. Nunca, em momento nenhum, me disse a mim que queria sair da selecção. Nunca".

Depois, o seleccionador nacional deixou um apelo: "Eu acho que é tempo de pararmos com algumas coisas. Se há exemplo melhor do que estou a dizer foi o exemplo que ele deu no jogo. Saiu com os jogadores para fazer o aquecimento, saltou nos golos todos para festejar, no fim foi ele que chamou os colegas para ir agradecer ao público. Deixem o Ronaldo em paz".

"Uma equipa fortíssima"

Esta foi a primeira mensagem. A segunda foi o alerta lançado para a qualidade de Marrocos, um adversário que, sublinha Fernando Santos, está muito longe de ser apenas competente no momento defensivo.

"Esta equipa vai apresentar-nos questões distintas [da Suíça]. É uma equipa fortíssima. Quatro jogos, duas vitórias e dois empates. Foi a única equipa que na fase de grupos que fez sete pontos. Tem um golo sofrido, que foi um autogolo. Tem uma equipa muito bem organizada e de grande intensidade competitiva. Tem jogadores que jogam nas melhores equipas do mundo", descreveu.

"É uma equipa que reduz muito o campo ao adversário e temos de encontrar soluções para desmanchar isso. Amrabat, do ponto de vista defensivo, está a ser das grandes melhores revelações neste Campeonato do Mundo. Marrocos procura sair a jogar, o guarda-redes joga bem com os pés, envolve muito os corredores laterais. Pensarmos que este vai ser um jogo fácil para Portugal? Não vai".

Sem se alongar muito acerca do antídoto para contrariar o futebol marroquino, Fernando Santos levantou apenas a ponta do véu: "Vamos ter de ser intensos nas transições e defensivamente quando tivermos de o ser. Se fizermos isso bem e continuarmos a melhorar, acho que Portugal vai ganhar, mas o seleccionador de Marrocos pensa o contrário de mim".

Antes de Fernando Santos, e entre algumas declarações de circunstância, o orgulho de ser comparado com Kaká e o apelo aos media para promoverem um sentimento de maior união em torno da selecção, João Félix comentou o impacto da presença de Cristiano no "onze" na forma de jogar da equipa.

"Não sinto essa obrigação de passar a bola ao Cristiano. Tentamos fazer o melhor em campo, passar para a melhor solução, mas cada um interpreta o jogo da maneira que o vê", vincou. "Ele tem características que outros não têm, e os outros têm características que ele não tem, mas a identidade da equipa é sempre a mesma".

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