Centro de Artes do Saber Fazer do Douro nasceu em antiga panificadora da Régua

Um novo espaço gerido pelo Museu do Douro, aberto a todas as artes de artesãos. Um dos objectivos: “impedir o desaparecimento de algumas profissões”.

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Crivo, novo espaço pelo Museu do Douro dr

O Centro de Artes do Saber Fazer (Crivo) abriu esta sexta-feira no edifício recuperado da antiga panificadora do Peso da Régua para divulgar os artistas e criar uma “task force” do melhor que se faz no Douro.

A inauguração do espaço, que é gerido pela Fundação do Museu do Douro, marca também os 25 anos da criação deste que foi o primeiro museu do território criado em Portugal.

“É um projecto de artes e saber fazer. Vamos procurar cruzar ali o saber fazer antigo com o saber fazer actual e impedir o desaparecimento de algumas profissões”, afirmou o presidente da Fundação Museu do Douro, Fernando Pinto.

O Crivo funciona como um espaço criativo onde os mais jovens podem aprender, mas também acrescentar valor ao “saber fazer” existente na região e os seus objectivos são valorizar a cultura e a criatividade que fazem o Douro. Ali pretende-se divulgar os criadores da região, gerar oportunidades de negócio e desenvolver acções de formação.

O espaço abriu portas com 10 artistas residentes que ali estiveram a trabalhar ao vivo, a mostrar a sua arte e os seus produtos relacionados com, por exemplo, a olaria negra de Bisalhães, as máscaras de Lazarim, instrumentos musicais tradicionais, cestaria ou arte feita através de materiais desperdiçados da natureza.

Luís Carvalho, do Museu do Douro, afirmou que o espaço “está aberto a todos os artistas da região".

“Por isso é que nós chamamos a comunidade do Crivo. Os artistas fazem parte de uma comunidade em que queremos criar uma “task force” daquilo que melhor se faz na região do Douro”, afirmou Luís Carvalho.

O Crivo enquadra cinco áreas temáticas: produtos da terra, artes e ofícios, arte do vinho, sabores com tradição e sustentabilidade ambiental.

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, que também se associou à inauguração do novo espaço, classificou a ideia de “saber fazer” como “muito interessante e relevante”, porque junta a memória, a história das artes e ofícios e a mantém viva, porque garante que “há pessoas que continuam a saber fazer”.

O governante referiu que a “cultura tem sempre uma dimensão de fruição e também de identidade”.

“Nós pertencemos a um país, a um território porque há uma dimensão cultural, uma história. Mas também significa um conjunto de oportunidades económicas, de desenvolvimento, de capacidade de atrair e manter as pessoas nos territórios”, apontou.

O edifício da antiga panificadora da Régua, construído na década de 60 do século XX e foi representativo da arquitectura industrial, foi agora adaptado mantendo as suas características originais como os azulejos nas paredes, a chaminé e o monta-cargas.

No rés-do-chão e com ligação para a rua ficou um espaço aberto, dividido por módulos que podem ser adaptados em função das necessidades.

Nas obras de adaptação e equipamentos foram investidos 200 mil euros, com financiamento no âmbito de uma candidatura ao Turismo de Portugal, no âmbito da linha de apoio à sustentabilidade.

O presidente da Fundação, Fernando Pinto, realçou que, desde a sua criação há 25 anos, o Museu do Douro se transformou “numa porta de entrada” na mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo, que é também Património Mundial da Humanidade desde 2001.

Na cerimónia, foi também entregue o título de fundador honorário à Liga dos Amigos do Douro Património Mundial e foi inaugurada a exposição “Um lugar de um mundo novo” do artista recém-falecido Francisco Laranjo.

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