Itália promove concurso para levar jovens sommeliers portugueses a estudar em Parma

Os dois vencedores irão uma semana a Parma (Emília-Romanha): farão um curso na ALMA, a Escola Internacional de Cozinha Italiana, e conhecerão os mais emblemáticos vinhos e produtores italianos.

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Itália quer levar dois portugueses uma semana a Parma. Objectivo é ter "embaixadores" especializados dos vinhos italianos em Portugal. Marialaura Gionfriddo / Unsplash

Itália está a promover um concurso para jovens sommeliers portugueses e vai levar os dois vencedores à região de Emília-Romanha, para um curso de uma semana na ALMA, a Escola Internacional de Cozinha Italiana, em Colorno, Parma. O objectivo do ministério italiano dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional é criar “embaixadores” do vinho italiano no nosso país. As candidaturas devem ser feitas até 15 de Dezembro.

O país dos Barolos e dos Brunellos quer criar “oportunidades e visibilidade a quem [por cá] deseje especializar-se nos vinhos italianos” e receber essas pessoas nos territórios onde nascem os clássicos de Itália, explica a chefe de missão adjunta da Embaixada de Itália em Lisboa, Francesca Guariglia.

A iniciativa foi lançada há quinze dias, no âmbito da sétima edição da Semana da Cozinha Italiana no Mundo, e tem o mote “Viaje no seu futuro! Jovem Sommelier De Vinhos Italianos”, mas não é apenas para sommeliers.

A Embaixada de Itália em Lisboa informa, em comunicado, que “o concurso está aberto a jovens portugueses, até aos 40 anos de idade, que sejam escanções, profissionais da indústria hoteleira e da restauração, distribuição de alimentos e bebidas ou estudantes em escolas superiores especializadas e centros de formação”. Têm é de ser candidatos interessados em saber mais sobre os vinhos italianos e a cultura vínica de Itália e ter já algum conhecimento de enologia e viticultura em geral.

Francesca Guariglia explicou ao Terroir em que enquadramento surge este concurso, que é uma estreia. Uma das razões prende-se com o peso das exportações no negócio dos vinhos italianos. A outra está relacionada com a necessidade urgente de Itália “combater o fenómeno do italian sounding, o fenómeno daqueles produtos que parecem italianos, mas não são italianos”, e que “no sector do vinho têm um valor estimado de 1000 milhões de euros”.

Em 2021, os vinhos italianos tiveram receitas de “13 mil milhões de euros” e as suas exportações “ultrapassaram os 7 mil milhões de euros, que representa um crescimento de 12,4 por cento”, mas podiam ter gerado mais valor não fosse a contrafacção no agro-alimentar. E porquê uma acção direccionada a especialistas portugueses? “O sector agro-alimentar é um dos mais fortes das exportações italianas para Portugal”, refere a representante italiana.

O concurso tem duas fases. Numa primeira, a de qualificação, serão admitidos candidatos que demonstrem ter o tal conhecimento de base na área e consigam fazer prova disso. Terão de fazer um exame escrito sobre enologia e técnica de prova e um exame prático que os desafiará a identificar e descrever a organoléctica do vinho italiano. Passarão à segunda fase os cinco candidatos mais bem pontuados. E desses o júri do concurso seleccionará os dois vencedores.

“O júri será presidido pelo embaixador de Itália em Portugal, Carlo Formosa, e será composto por especialistas italianos e portugueses, nas áreas da enologia, viticultura, da gastronomia e da hotelaria e restauração, bem como alguma imprensa especializada”, partilha Francesca Guariglia.

Os dois sortudos farão o tal curso teórico-prático, durante uma semana na ALMA, em data que ainda será divulgada. A formação terá na sua componente prática visitas a produtores, às suas cantine e a restaurantes italianos, e dará acesso, claro, a provas de vinhos e outros produtos típicos das regiões mais emblemáticas da cultura enogastronómica italiana. Viagens e alojamento estão incluídos no prémio.

As visitas a produtores de vinho “serão mais abrangentes, para que os candidatos poderem experimentar os diferentes territórios italianos”, explica Francesca Guariglia, ou seja, acontecerão noutras regiões vitivinícolas italianas, para além de Emília-Romanha, mas o programa final ainda não está fechado. “Será uma semana muito intensa.”

Itália produz anualmente “50 milhões de hectolitros de vinho, 55 por cento são vinhos de indicações geográficas [IG]”. E o país tem “mais de 550 IG”. As exportações italianas de “produtos agro-alimentares, bebidas e tabaco para Portugal representaram 247 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2022”, um “crescimento de 26,2 por cento”, sublinha Guariglia.

Os interessados devem preencher o formulário do concurso na Embaixada de Itália em Lisboa e enviá-lo, juntamente com o seu currículo, para o email uffcomm.lisbona@esteri.it.

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