Vai ser possível percorrer mais galerias do Aqueduto das Águas Livres

EPAL tem em curso vários projectos, que passam por instalar mais bebedouros na cidade, reabilitar chafarizes históricos e reservatórios e reaproveitar água para regar jardins da Amadora e de Lisboa.

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O aqueduto das Águas Livres foi construído no século XVIII e resistiu ao terramoto de 1755 Rita Rodrigues/Arquivo

No próximo ano, vai ser possível caminhar por mais quilómetros pelas galerias do monumental Aqueduto das Águas Livres. A Empresa Portuguesa de Águas Livres (EPAL) anunciou que pretende abrir a visitas mais dois percursos pelas galerias subterrâneas deste complexo ao público já em 2023.

O Aqueduto das Águas Livres foi construído no século XVIII para ser um sistema de captação e transporte de água, que, dentro e fora de Lisboa, se estendi por 58 quilómetros, para servir os lisboetas. Sobreviveu ao terramoto de 1755, mas acabou desactivado há cerca de 50 anos, altura em que a água deixou de correr e já depois de as águas terem deixado de ser aproveitadas para consumo humano na década de 60, do século XX.

Abriu-se depois a todos os que o quiserem visitar. Hoje, a Galeria do Loreto é visitável entre a Rua das Amoreiras e o Miradouro de São Pedro de Alcântara, num percurso de 1,6 quilómetros, e a EPAL quer agora abrir as restantes galerias, a começar pela do Rato, e fazer assim destas “um dos maiores museus subterrâneos do mundo”, diz ao PÚBLICO o porta-voz da EPAL, Marcos Sá.

A par da abertura das galerias à população, será possível percorrer todo o percurso deste monumento nacional, do aqueduto geral, até à Mãe d’Água das Amoreira, além da já conhecida travessia do Vale de Alcântara.

A água deverá ainda voltar a correr no aqueduto, com a reactivação do circuito, que fora “completamente desactivado em 1973” devido à falta de água nas nascentes. Agora, a EPAL quer reaproveitar a água das fontes e reutilizá-la para regar jardins na Amadora e em Lisboa, avança Marcos Sá.

A empresa tem ainda em curso a instalação de 200 bebedouros pela cidade. Cerca de 50 estão instalados, prevendo-se a que os restantes o estejam até ao final do primeiro semestre de 2023. Prevista está também a reabilitação do lago do Jardim do Príncipe Real, que foi “concebido e organizado à volta de um grande lago octogonal com repuxo”. De modo a poupar água, funcionará em circuito fechado de água, diz a empresa.

Marcos Sá destaca ainda a recuperação do reservatório da Penha de França, construído entre 1929 e 1932 e desactivado há várias dezenas de anos, que será transformado num miradouro com “um vista de 360º sobre a cidade dentro de um ano e meio, dois anos”. “É uma situação única”, diz o porta-voz, que acredita que entrará nos circuitos turísticos que visitam a capital. Até porque, adianta, está previsto que o projecto integre obras do artista plástico Bordalo II.

Outro dos projectos previstos responde a uma frequente queixa das associações que zelam pelo património na cidade: o estado de degradação a que muitos chafarizes da cidade chegaram. Está, por isso, prevista a reabilitação de sete chafarizes, sendo que o Chafariz do Rato, o Chafariz de Benfica (ou Garridas) e o Chafariz do Intendente (ou Desterro) já estão arranjados.

A EPAL vai também avançar com a construção de um novo edifício na Rua José Gomes Ferreira, com habitação e escritórios que se encontra já em fase de licenciamento.

Um dos grandes planos da empresa para os próximos tempos será, segundo Marcos Sá, a nova a Academia das Águas Livres, um projecto criado em 2013. O novo espaço da Academia será “inclusivo e aberto à comunidade”, diz a EPAL e dará um novo destino aos terrenos do campo de golfe das Amoreiras​, localizados por cima do reservatório de água das Amoreiras, junto ao centro comercial. Para além dos espaços de formação, a EPAL prevê que “locais para eventos e de um esplêndido auditório com vista sobre Monsanto”, um restaurante e uma cafetaria com esplanada. Terá ainda um espaço para pequenas feiras e exposições temporárias, estacionamento coberto, espaço para prática de desportos exteriores.

Junto ao edifício sede da EPAL, na Avenida da Liberdade, a empresa quer ainda reabilitar o edifício do Páteo do Tronco, reformulando integralmente o seu interior para criar unidades de alojamento (20 unidades), que possam ser utilizadas por estudantes, nomeadamente filhos de trabalhadores do grupo Águas de Portugal.

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