As nossas praias fluviais vão ser invadidas por piratas (do plástico)

A campanha europeia “Plastic Pirates” pretende alertar para a poluição e ligar os jovens à produção científica através da recolha e catalogação dos resíduos encontrados em praias fluviais.

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Na primeira edição, "Plastic Pirates - Go Europe!" chegou a cinco escolas. Ciência Viva

Este ano, os piratas vão voltar à Trafaria – mas estes enfrentam a poluição. A Praia Fluvial da Trafaria, em Almada, vai receber este sábado uma demonstração pública da iniciativa “Plastic Pirates – Go Europe!”, que dará início à sua campanha. O projecto vai contar com 20 alunos da Escola Básica e Secundária Anselmo de Andrade e com os respectivos professores, que já paraticiparam na edição anterior durante o ano lectivo de 2020/2021.

Este é o segundo ano do projecto de ciência cidadã que pretende consciencializar para a “distribuição e abundância de resíduos plásticos em ecossistemas de água doce na Europa”, como se pode ler na página de Facebook sobre o evento deste sábado.

Os piratas do plástico são jovens entre os 10 e os 16 anos que, em turmas ou grupos, recolhem amostras de plástico em rios e ribeiras, identificam-nas, e documentam os seus resultados para que sejam posteriormente analisados por cientistas com tecnologia infravermelhos. Os resultados são depois divulgados num mapa interactivo que diz em que locais do mundo podem ser encontrados os diferentes tipos de plástico. Cria-se, assim, uma base de dados que pode ser utilizada em investigações futuras.

“Desta forma, os jovens cidadãos europeus prestam um importante contributo para a investigação sobre o estado dos rios na Europa e o nível de poluição por resíduos plásticos, bem como as suas possíveis origens”, refere a plataforma do “Plastic Pirates” em Portugal.

Levar os piratas a toda a Europa

“Plastic Pirates – Go Europe!” foi promovido pelo Ministério da Educação e da Investigação Alemão em 2016 e evoluiu depois para uma campanha da presidência do Conselho Europeu composta pela Alemanha, por Portugal e pela Eslovénia. Actualmente, já conta com 10 países no seu arsenal Alemanha, Eslovénia, Áustria, Bélgica, Bulgária, Hungria, Itália, Lituânia, Espanha e Portugal –, mas pretende contagiar muitos mais.

Por cá, o centro Ciência Viva é responsável pela coordenação dos piratas, ligando escolas às instituições académicas envolvidas. São estas as universidades do Porto, Lisboa, Coimbra e Algarve.

Em 2020, ano em que a iniciativa chegou a Portugal, participaram cinco escolas das zonas Norte e Centro do país, arrecadando um total de 100 alunos e cinco professores, que recolheram e catalogaram plástico nas praias fluviais. Na altura, a pandemia de covid-19 levou a algumas desistências, visto que, na acção de formação inicial, que preparava o pessoal docente para esta dinâmica, estavam 30 professores. O ano seguinte trouxe consigo mais esperança: o número de escolas e professores inscritos subiu para sete, o que se traduz em 280 alunos divididos por 12 turmas, diz um relatório da Ciência Viva sobre a primeira campanha, no ano lectivo de 2020/2021.

De momento, o projecto tem financiamento apenas para este ano lectivo. Um dos grandes objectivos é obter um maior auxílio monetário por parte da UE, para permitir o funcionamento contínuo e levar os piratas a mais países europeus, explicou ao PÚBLICO Ana Noronha, directora do centro Ciência Viva. A segunda edição – que será apresentada este sábado entre as 14h e as 17h – compromete-se a fazer 30 amostras que deverão contribuir para enriquecer o mapa interactivo e divulgar o “Plastic Pirates” entre os Estados-membros.

Durante a tarde, os alunos da Escola Básica e Secundária Anselmo de Andrade vão mostrar como se faz a amostragem de resíduos, bem como partilhar o seu testemunho, experiências e aprendizagens adquiridas na última participação.

Texto editado por Andrea Cunha Freitas

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