Xerife, o cão que apanhou o Alfa em Aveiro e andou a passear por Lisboa

Aquela que podia ser apenas mais uma escapadela culminou num verdadeiro filme, com um final feliz. Xerife regressou são e salvo a casa, depois de uma aventura na capital.

CAO XERIFE QUE FOI DE ALFA SOZINHO DE AVEIRO ATE LISBOA
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Cão Xerife foi de Alfa até Lisboa ADRIANO MIRANDA / PUBLICO
CAO XERIFE QUE FOI DE ALFA SOZINHO DE AVEIRO ATE LISBOA
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Cão Xerife foi de Alfa até Lisboa ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

Celene Duarte diz que foi amor à primeira vista. Há sete anos, quando chegou a casa depois de um passeio de barco na ria de Aveiro, tinha um bebé de quatro patas à sua espera — uma prenda da filha, Isabel, para tentar amenizar a dor de ter ficado, ao fim de 18 anos, sem o seu Patinhas.

Aquele rafeiro de cor castanha, e com uma risca branca no meio do focinho, conquistou-a de imediato. A ela e ao resto da família, que vive rendida às aventuras do Xerife. A última deixou-os em sobressalto. O cão desapareceu de casa, em Aveiro, meteu-se num comboio Alfa Pendular, andou por Lisboa e só regressou graças às redes sociais. Um verdadeiro filme, com direito a um final feliz.

A aventura, conta-nos a filha, começou a 29 de Outubro, dia em que a trovoada se fez sentir com bastante intensidade na zona de Aveiro. Depois de darem pela falta do Xerife e de constatarem que, ao contrário do que aconteceu noutras vezes, ele não regressava , começaram a ficar em pânico.

“Procurámos nas redondezas e nada”, conta Isabel Duarte, que durante as buscas foi alertada, por uma vizinha, para o avistamento do Xerife a bordo de um comboio Alfa. “Parece que ele entrou no Alfa das 6h, que ia para Faro, e um rapaz tirou-lhe uma foto e divulgou-a nas redes sociais”, diz, a propósito da epopeia que estava, por esta altura, ainda longe de terminar.

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Adriano Miranda
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Em Lisboa, o Xerife terá sido levado, pelo mesmo rapaz, para a PSP, “mas acabou por tirar a coleira e fugir”. “Andou pelo Parque das Nações e entrou num restaurante onde foi logo encostar-se a uma rapariga”, relata Isabel.

Como o seu rasto já estava a ser seguido nas redes sociais, nomeadamente em grupos de apoio aos animais, a aventura do Xerife viria a terminar com o reencontro com a sua dona. “Na segunda-feira, estava a ir buscá-lo à Amadora. Foi uma alegria voltar a pegar no meu menino”, conta Celene Duarte, ao mesmo tempo que vai passando a escova no pêlo do seu companheiro.

A família ainda está para perceber como é que o Xerife entrou no Alfa. Apesar de viverem relativamente perto da linha de comboio e da estação da CP, nunca tinham levado o cão para o interior de uma carruagem. “Talvez se tenha desorientado com a trovoada”, admitem.

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O cão que quer ver tudo

Antes de se meter a caminho de Lisboa, o Xerife não tinha microchip, o que dificultou a sua imediata identificação. “Não sabia que tinha de ter chip. Os meus cães acabaram por morrer todos de velhinhos, aqui em casa”, confessa Celene, já depois de ter regularizado a situação. Tinha estado no veterinário no dia anterior a conversar com o P3.

Desde que viram o seu patudo regressar a casa, Celene, de 74 anos, e Artur, o marido, de 81 anos, não o têm poupado com mimos. Gostam de o aconchegar numa manta, fingir que estão a pôr-lhe creme no focinho e de o pentear. “Tenho tido sempre cães, mas este é o mais apegado a mim”, afiança Celene.

O nome foi-lhe dado por Isabel, por força da tendência do cão para “querer saber e ver tudo, só pode ser um xerife”, faz notar. É de tal forma cusco que até ajudou a resgatar, de um silvado, uma gatinha chama-se Pussy e também foi adoptada pela família, partilhando os mimos com o rafeiro de porte pequeno.

Só há um sítio no qual o Xerife não ousaria aventurar-se (só de ouvir a palavra, ladra insistentemente): a praia. “Foi lá uma vez e bastou. Não gostou”, explica Isabel. A culpa talvez seja do cenário com o qual é confrontado no seu dia-a-dia, ao viver de frente para as águas calmas da ria.

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