Traduzir Celan, caminhar no escuro

Pela primeira vez, toda a poesia de Celan é traduzida em Portugal. A edição merece alguns reparos; o trabalho da tradutora também, pelo menos nalguns momentos pontuais.

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A poesia de Celan é a criação de um idioma, de uma língua remodelada à sua maneira ullstein bild via Getty Images

Maria Teresa Dias Furtado, reconhecida tradutora de Rilke e Hölderlin, empreendeu agora a gigantesca tarefa de traduzir toda a poesia de Paul Celan, de Papoila e Memória, de 1952, até aos poemas do espólio (excluindo apenas os poemas da juventude e os poemas escritos em língua romena). Trata —se do terceiro “episódio” da tradução dos poemas de Celan para português (excluo nesta contagem as traduções brasileiras): o primeiro, por João Barrento e Yvette Centeno, em 1993 (uma antologia editada por Livros Cotovia), foi recebido como um grande acontecimento porque nessa altura, decorridos 23 anos sobre a morte deste poeta judeu de língua alemã, nascido em Czernowitz, na Bucovina, que é uma região partilhada pela Ucrânia e pela Roménia, já se tinha generalizado a ideia de que Celan era um dos maiores poetas europeus do século XX; o segundo, em 2014, por Gilda Lopes Encarnação, consistiu também numa antologia de cem poemas (editada pela Relógio D’Água), que tinha como título Não Sabemos Mesmo o que Importa; agora, temos um trabalho de tradução quantitativamente mais ambicioso: não é uma antologia, mas a obra poética completa.

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